São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Atentados matam mais de 60 no Iraque

Ataques em Bagdá e Kirkuk ocorrem às vésperas de visita do premiê xiita Nuri al Maliki à Casa Branca

DA REDAÇÃO

Atentados mataram ontem mais de 60 iraquianos e deixaram mais de 200 feridos, enquanto o premiê iraquiano, Nuri al Maliki, se preparava para uma visita à Casa Branca, na qual discutiria meios de impedir que o Iraque despenque numa guerra civil de larga escala.
Dois atentados em Sadr City, bairro xiita que é um dos mais pobres de Bagdá, mataram 42 civis. Os ataques aconteceram um dia depois da sessão de abertura dos trabalhos de uma nova comissão criada para para desenvolver estratégias de reconciliação entre as duas principais facções religiosas -muçulmanos xiitas e muçulmanos sunitas- do país.
Na cidade de Kirkuk (norte), um carro-bomba explodiu, matando pelo menos 20 civis. Curdos e árabes disputam o controle da cidade, um dos maiores pólos petroleiros do país.
No leste de Bagdá, veículos retorcidos revelam a força da maior das duas explosões na capital, que matou 34 pessoas. Em meio a poças de sangue, testemunhas afirmavam ter visto um terrorista suicida dirigindo uma minivan. Mas o Ministério da Defesa disse que o carro-bomba estava vazio.
No segundo ataque em Bagdá, uma bomba foi plantada perto de um edifício público, matando oito pessoas.

Guerra civil
"Se isso não é guerra civil... então eu não sei o que é", afirmou um funcionário do governo, rebatendo queixas de que a mídia exagera as dimensões do problema da violência sectária. A ONU calcula que cem pessoas estejam morrendo por dia no Iraque, e dezenas de milhares estão refugiadas.
O principal partido sunita não participou do primeiro encontro da Comissão de Reconciliação, que o premiê Maliki descreveu como "última chance" para a paz. Sunitas, que constituem o principal foco de resistência à ocupação norte-americana e ao governo de maioria xiita, acusam milícias xiitas de organizar esquadrões da morte para assassiná-los.
Funcionários do governo dos EUA já admitem que a violência sectária é uma ameaça à paz ainda maior do que a insurgência -se é que as duas coisas podem ser separadas.
No sábado, tropas dos EUA e do governo iraquiano travaram uma batalha de três horas contra supostos milicianos xiitas perto de uma mesquita em Mussayab, no sul de Bagdá, matando 15 militantes. As tropas também se envolveram em tiroteios durante a madrugada em Sadr City, prendendo oito milicianos acusados de pertencer a esquadrões da morte.
Maliki, que está em Londres desde ontem, segue para os EUA amanhã, quando deverá encontrar-se com o presidente George W. Bush. O líder norte-americano está sendo pressionado a mostrar progressos no Iraque, abrindo caminho para redução de tropas no país -o que tenderia a ajudar o Partido Republicano nas eleições de novembro, nas quais se disputa o controle do Congresso.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Guerra no Oriente Médio: Parques e escolas acolhem refugiados em Beirute
Próximo Texto: Iraque sob tutela: Saddam Hussein é internado após 17 dias de greve de fome
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.