São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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Desconhecido, camaleão Massa assume pasta

DE BUENOS AIRES

"Agarrei a vida muito rápido", afirmou em uma entrevista recente o novo chefe-de-gabinete do governo argentino, Sergio Massa, 36, o mais novo político a assumir a função. A condição de prodígio não é novidade para ele. Formado em direito, foi eleito em 1999, aos 27 anos, o integrante mais jovem da Câmara de Deputados da Província de Buenos Aires.
Em 2002, sob o ex-presidente Eduardo Duhalde, tornou-se diretor-executivo da Anses (o INSS local). Quando assumiu, Néstor Kirchner fez questão de manter Massa no cargo. E, em 2005, quando o jovem foi eleito como deputado nacional, pediu que renunciasse ao novo posto para continuar na direção do organismo.
No fim do ano passado, Massa foi eleito prefeito da cidade de Tigre, na Grande Buenos Aires, e durou pouco mais de sete meses no cargo.
Para alguns, o anúncio desse político quase desconhecido para uma função tão importante foi uma surpresa. Vários analistas classificam Massa como uma das "crianças mimadas" da presidente Cristina Kirchner e de seu marido Néstor.
O casal presidencial provou o seu afeto ao comparecerem os dois na posse de Massa em dezembro, uma das últimas atividades de Kirchner como presidente, às vésperas da posse de Cristina. Naquela mesma época, ele teria sido cogitado como ministro da Economia, mas preferiu respeitar os votos daqueles que o elegeram como prefeito.

De liberal a peronista K
Em sua curta carreira, Massa passou por diferentes linhas políticas. Começou na ala neoliberal da União do Centro Democrático e passou ao menemismo para, só então, virar um "peronista K", ligado aos Kirchner.
No comando da Anses, teve a chance de mostrar seu perfil pragmático e conciliador, mantendo uma boa relação com prefeitos e governadores, que teria contado muito para a sua designação como chefe-de-gabinete. Também esteve à frente da reforma da Previdência, em março de 2007, que permitiu a opção entre o sistema estatal e o privado.
Entre as façanhas do jovem Massa está também a de levar o time de futebol Tigre, que dirigia, para a primeira divisão do futebol argentino, depois de 27 anos na série B no ano passado. Logo em seguida, a equipe conquistou um histórico segundo lugar em seu primeiro campeonato nacional.
Em declarações à imprensa ontem, após aceitar o cargo de chefe-de-gabinete, Massa comparou seu desafio ao de um jogador de futebol. "Vou deixar até a última gota de transpiração", afirmou. (AK)


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