São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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Lugo terá chanceler visado por EUA

Alejandro Hamed Franco, atual embaixador do Paraguai no Líbano, sofreu objeções americanas

Novo gabinete assumirá em 15 de agosto; segundo mídia local, futuro ministro teve seu nome em lista não confirmada de indesejáveis

DA REDAÇÃO

O atual embaixador do Paraguai no Líbano, Alejandro Hamed Franco, será o ministro das Relações Exteriores do governo do presidente eleito Fernando Lugo, que assume o poder em 15 de agosto.
Formado em história pela Universidade Nacional de Assunção, o embaixador, filho de um sírio e uma paraguaia, servia no Líbano desde 2005.
O nome de Hamed Franco foi mencionado para o posto há dez dias, quando a imprensa local citou que ele era acusado de ter distribuído irregularmente vistos paraguaios a libaneses durante o conflito entre a milícia islâmica Hizbollah e Israel, em 2006. Outras suspeitas lançadas pela mídia dão conta de que ele constaria de uma lista do governo americano de "indesejáveis", suspeitos de manter laços com o grupo libanês e com o palestino Hamas.
O assessor jurídico de Lugo, Hermes Rafael Saguier, chegou a dizer que os EUA tinham restrições à nomeação, segundo a France Presse. Mas para abrir terreno à escolha, o próprio Lugo veio a público dizer ter consultado a Embaixada dos EUA no Paraguai, que lhe informou que não havia antecedentes contra o futuro chanceler.
Consultada pela Folha, na semana passada, a representação negou que ele fizesse parte da lista e disse ser confidencial a informação sobre seu visto ter sido ou não negado.
A Justiça paraguaia também encerrou, a pedido do Ministério Público, a ação contra Hamed no caso dos vistos a libaneses. Mas a Chancelaria manteve o procedimento administrativo contra ele, informou ontem a uma rádio o assessor para Assuntos Jurídicos da pasta, Carlos Fleitas.
Professor de árabe em Ciudad del Leste, na Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina, e conhecido defensor da causa palestina, o futuro chanceler tentou desfazer eventuais arestas ontem. Disse que o governo Lugo combaterá o terrorismo -os EUA se dizem preocupados com atividades de financiamento ao Hamas e ao Hizbollah na região.
"Não haverá relação ríspida com os EUA nem com Israel. O Paraguai não está em conflito com ninguém", completou.
Hamed Franco não foi a primeira escolha de Lugo. Milda Rivarola, esquerdista, desistiu do posto após a indicação, neste mês, de Carlos Mateo Balmelli, de centro-direita, para dirigir a parte paraguaia da hidrelétrica de Itaipu.
A renegociação do Tratado de Itaipu, firmado com o Brasil em 1973, foi bandeira da campanha de Lugo e será a prioridade do futuro chanceler.
Hamed Franco foi indicado pela ala esquerdista da Aliança Patriótica para a Mudança, a ampla coalizão que levou o ex-bispo Lugo à vitória em abril. A desistência de Rivarola e divergências sobre a reforma agrária foram as primeiras crises da coalização, cujo principal força é PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico, centro-direita).


Com agências internacionais

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