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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Lula e Annan comparecem ao velório; para presidente, diplomata será lembrado como "herói nacional"

Vieira de Mello é velado com honras no Rio

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Ao lado do prefeito César Maia, Lula abraça a mãe de Vieira de Mello, dona Gilda, durante o velório do diplomata, no Rio de Janeiro


DA SUCURSAL DO RIO
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante especial da ONU no Iraque morto no atentado ao prédio da entidade em Bagdá na terça-feira, foi velado com honras de Estado e cercado por um forte esquema de segurança, ontem, no Rio.
Cerca de mil policiais, entre civis, militares e federais, ficaram de prontidão para garantir a segurança dos deslocamentos do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos ministros e familiares de Vieira de Mello que foram ao velório no Palácio da Cidade, sede social da Prefeitura do Rio, em Botafogo, na zona sul.
Lula disse que Vieira de Mello será lembrado como "herói nacional". "O Brasil perde um símbolo e o homem que dedicou toda a sua inteligência, toda a sua alegria na busca de mundo melhor, na busca pela paz, na busca de um planeta mais humanizado." Já Annan afirmou que o diplomata era um "campeão dos direitos humanos". "Vim aqui para homenagear meu amigo íntimo e colega, um homem de paz, um homem que deu muito ao mundo, e ainda assim foi tirado de nós."
O presidente, que discursou por dez minutos, chegou ao velório às 11h33 e lá permaneceu por cerca de uma hora. Ele conversou com a mãe de Vieira de Mello, Gilda, 85, e falou de improviso. "Eu acho, dona Gilda, que [a senhora] deveria pensar assim: homens como Sérgio não morrem. Eu acho que ele está viajando."
Lula e Annan se encontraram na sede do 3º Comar (Comando Aéreo Regional) e foram juntos ao velório. Annan fez um desabafo a Lula, afirmando que, desde a morte, em 1961, de Dag Hammarskjöld, secretário-geral da ONU, num desastre de avião no Congo, a instituição não perdia alguém da envergadura e de uma maneira tão dramática.
Quatro ministros estiveram no velório -Antonio Palocci Filho (Fazenda), Celso Amorim (Relações Exteriores), Miro Teixeira (Comunicações) e Benedita da Silva (Assistência Social).
Num telegrama a Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu que o governo propusesse o nome de Vieira de Mello para o Prêmio Nobel da Paz. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez a mesma defesa.
Antes de se encontrar com Lula, Annan foi escoltado por seguranças e policiais no trajeto do aeroporto ao hotel Copacabana Palace, onde está hospedado. Em vez de seguir o trajeto mais comum, pela Linha Vermelha, a comitiva fez o percurso pela avenida Brasil.
O corpo de Vieira de Mello deixou a Base Aérea do Galeão num carro de funerária acompanhado de dois batedores, oito carros de unidades de elites das polícias Civil e Militar. No trajeto da Linha Vermelha, 36 carros da polícia estavam posicionados.
Também por precaução, o esquadrão antibombas fez uma varredura ao redor do Palácio da Cidade. De acordo com o subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança do Rio, delegado Paulo Souto, os comandantes dos seis batalhões que ficam no perímetro do trajeto usado por Annan estão com todo o efetivo de prontidão neste final de semana.
O Boeing da Força Aérea Brasileira pousou às 8h30, trazendo o corpo do diplomata. Na presença da mulher, Annie, dos filhos Laurent e Bernard, e do ministro Celso Amorim, cerca de cem militares receberam o corpo com honras de chefe de Estado, e a homenagem durou dez minutos. O velório estava previsto para continuar até o início da tarde de hoje. Por volta das 14h, a FAB levará o corpo para Genebra. De lá, irá para Thonon-Les-Bains, na França, para ser enterrado. (FABIANA CIMIERI, LEONARDO SOUZA, MURILO FIUZA DE MELO e TALITA FIGUEIREDO)


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