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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Para ministro palestino, cessar-fogo só funcionará com compromisso israelense; Hamas diz estar aberto a negociações

ANP pede nova trégua, agora com Israel

DA REDAÇÃO

Em meio a uma nova escalada da violência no Oriente Médio, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) afirmou ontem estar buscando uma nova trégua nos ataques dos grupos terroristas contra Israel, desta vez com o compromisso também do governo israelense de interromper suas ações militares contra os palestinos.
Após uma reunião do gabinete palestino ontem pela manhã em Ramallah, na Cisjordânia, o ministro das Relações Exteriores, Nabil Shaath, disse que um cessar-fogo somente entre os grupos terroristas não é suficiente.
"Queremos uma trégua entre toda a ANP e todas as suas organizações e Israel", disse Shaath. "Queremos uma paralisação total da violência", afirmou.
O ministro da Informação, Nabil Amr, também insistiu no assunto. "Podemos falar sobre cessar-fogo, outra trégua, mas precisamos de garantias de que Israel vai cooperar. Estamos buscando uma forma de fazer isso", disse.
Os palestinos também pediram aos EUA que mediassem as negociações sobre o novo cessar-fogo e impedissem o fracasso do plano de paz para a região, patrocinado pelo governo americano.
Um dirigente do Hamas disse que o grupo está disposto a discutir uma nova trégua. "A liderança do movimento estudará qualquer passo político apresentado", disse à agência Reuters o líder do Hamas no Líbano, Usama Hamdan.
Uma trégua unilateral anunciada no dia 29 de junho pelos principais grupos terroristas palestinos foi suspensa na quinta-feira após o Exército de Israel matar um co-fundador do Hamas em Gaza, em resposta ao atentado suicida que matou 20 pessoas em Jerusalém, na terça-feira.
Após o atentado, Israel impôs um novo cerco militar às cidades palestinas e prometeu agir para caçar os acusados de promover ataques. Tanques patrulham as ruas e impõem toques de recolher. Anteontem, um suposto terrorista palestino foi morto dentro de um hospital em Nablus, na Cisjordânia, e outros dois ficaram feridos -originalmente, fontes palestinas haviam dito que os três tinham sido mortos.
Apesar de a trégua anunciada em junho ter sido unilateral, Israel também reduziu suas ações militares nos territórios palestinos e havia anunciado um cronograma para a retirada do Exército das principais cidades palestinas. Mas continuou com as buscas e prisões de acusados de terrorismo, o que provocou reações pontuais dos grupos palestinos, como o atentado de terça-feira.
Ontem o líder do Hamas Abdel Aziz Rantisi acusou o presidente Bush de ter se tornado "o maior inimigo do islã" após ter determinado o congelamento do patrimônio dos líderes da organização.
Um grupo palestino, que diz pertencer às Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, publicou ontem uma lista com 30 nomes de autoridades israelenses -entre elas, o premiê Ariel Sharon- a que pretendem assassinar como retaliação pela morte de palestinos.
Desde o relançamento do plano de paz para a região, no início de junho, Israel vem pressionando o premiê palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen), a agir para conter e desmantelar os grupos terroristas.
O plano de paz, que prevê um Estado palestino independente até 2005, exige dos palestinos o controle dos grupos terroristas e, de Israel, o fim das ações militares contra os palestinos e a desativação das colônias judaicas ilegais.
Mazen, politicamente fraco, alega não poder usar a força contra os terroristas, sob pena de gerar uma guerra civil entre os palestinos. O premiê foi indicado em abril pelo presidente da ANP, Iasser Arafat, afastado do diálogo de paz por Israel e pelos EUA, que o acusam de apoiar ou permitir o terrorismo. Arafat, confinado há meses por Israel em seu QG em Ramallah, nega as acusações.


Com agências internacionais


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