São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Insurgentes negociam entrega de templo ocupado a líder moderado; combate segue

EUA voltam a bombardear cidade sagrada

DA REDAÇÃO

As forças americanas voltaram a bombardear alvos da insurgência na cidade xiita de Najaf, no sul do Iraque, que desde o início do mês se tornou o principal foco de tensão do país. Segundo relatos de agências de notícias, durante a noite foram ouvidas ao menos oito explosões, enquanto aviões AC-130 sobrevoavam a região.
Com o fracasso de uma negociação na semana passada, Najaf tornou-se centro do impasse entre, de um lado, o governo interino e as forças americanas e, do outro, o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr e seu grupo armado.
A milícia de Al Sadr, o Exércio Mehdi, ocupa há quase três semanas o templo do imã Ali, o principal do xiismo. Número ignorado de rebeldes também domina as ruas nas imediações do santuário, no centro antigo da cidade, que concentra alguns dos maiores pontos de peregrinação xiitas.
O representante da ONU no Iraque, Ashraf Qazi, se encontrou com o premiê interino, Iyad Allawi, para debater a situação em Najaf. O governo exige o desmantelamento da milícia e sua retirada da cidade em troca de anistia para participar da vida política.
Segundo assessores de Al Sadr, estão em curso negociações para entregar o controle do templo ao principal líder xiita do Iraque, o grão-aiatolá moderado Ali al Sistani, que convalesce em Londres.
Tanques e veículos blindados americanos cercam a região. O comando dos EUA evita confrontos na área dos templos, temendo provocar um levante nacional da maioria xiita. Já nas cercanias da cidade, os embates são diários. A violência ecoa em outras sete cidades no sul do país e no bairro xiita de Sadr City, em Bagdá, onde mais quatro pessoas morreram nas últimas horas.
O paradeiro de Al Sadr é desconhecido. Policiais iraquianos acreditam que tenha fugido para Sulaimaniya, no Curdistão iraquiano, norte do país. Assessores do clérigo negam a versão.
Os EUA também voltaram a bombardear Fallujah, na Província de Anbar (oeste do país). O comando americano acredita que na cidade esteja o terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi, acusado de uma série de atentados no Iraque pós-guerra. O presidente George W. Bush declarou, no Texas, que suas tropas estão "fazendo progressos em campo".

Julgamento
Quatro dos sete militares dos EUA acusados de torturar iraquianos na prisão de Abu Ghraib, nas cercanias de Bagdá, se apresentaram ontem à corte marcial na base militar americana em Manheim, na Alemanha, em pré-audiência que segue hoje.
O juiz encarregado do caso, coronel James Pohl, reclamou da lentidão dos procedimentos - quase seis meses desde que estourou o escândalo, só um acusado, Jeremy Sivits, foi julgado.
Apontado pelos colegas como o idealizador das cenas de tortura que se tornaram o maior escândalo militar recente nos EUA, o recruta especialista Charles Graner foi o primeiro a se apresentar.


Com agências internacionais


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