São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Negociações entre Assembléia Nacional e sunitas não progridem

Iraque deve votar Carta sem acordo

DA REDAÇÃO

No primeiro dia dos três que a Assembléia Nacional iraquiana tem antes de votar a nova Constituição, apresentada anteontem, o chefe da comissão que elaborou a Carta disse que o prazo não será suficiente para que todas as pendências sejam resolvidas.
O xiita Humam Hammoudi afirmou ontem que não será possível chegar, até amanhã, a um acordo com os sunitas sobre eventuais alterações no texto. A Carta deve ir para votação com o texto como está.
Entre os principais pontos de discórdia entre os sunitas, de um lado, e os xiitas e curdos, de outro, está a instituição do federalismo no país. Os sunitas -grupo étnico-religioso minoritário que estava no poder durante a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003)- temem que o federalismo, que daria autonomia administrativa às Províncias iraquianas, condene-os à pobreza. Isso porque as três Províncias em que eles são maioria não são ricas em petróleo.
"Se aprovada [a Constituição], haverá um levante nas ruas", ameaçou o negociador sunita Saleh al Mutlak. Mas o porta-voz do governo iraquiano Laith Kubba disse que "o projeto que foi apresentado é aproximadamente o que será implementado".
O projeto da Constituição deve passar fácil pela Assembléia Nacional, onde xiitas e curdos são maioria absoluta -os sunitas boicotaram a eleição de janeiro.
O receio maior é que a Carta não seja aprovada no referendo marcado para outubro. Esse desfecho é provável, pois basta que três das 18 Províncias a rejeitem para que ela seja descartada -em Anbar, Salaheddin e Nínive, a maioria da população é sunita.
O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou que os sunitas têm de decidir em que tipo de sociedade querem viver. "Eles querem viver numa sociedade livre ou querem uma sociedade violenta?", perguntou Bush. Seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, também comentou o impasse, dizendo que a nova Constituição não encerrará todos os problemas no país. Rumsfeld afirmou que haverá aumento temporário do contingente militar americano no Iraque, de mil a 2.000 soldados, durante o referendo sobre a Carta.
Em Baquba (55 km a nordeste de Bagdá), um homem-bomba matou um soldado americano e seis civis. Em mensagem na internet cuja autenticidade não se pôde comprovar, o terrorista jordaniano Abu Mussab Zarqawi, líder da Al Qaeda no Iraque, reivindicou a tentativa frustrada de atacar, com três mísseis Katyusha, navios americanos no porto jordaniano de Ácaba, no mar Vermelho, na sexta-feira passada.


Com agências internacionais

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