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IRAQUE SOB TUTELA
Negociações entre Assembléia Nacional e sunitas não progridem
Iraque deve votar Carta sem acordo
DA REDAÇÃO
No primeiro dia dos três que a
Assembléia Nacional iraquiana
tem antes de votar a nova Constituição, apresentada anteontem, o
chefe da comissão que elaborou a
Carta disse que o prazo não será
suficiente para que todas as pendências sejam resolvidas.
O xiita Humam Hammoudi
afirmou ontem que não será possível chegar, até amanhã, a um
acordo com os sunitas sobre
eventuais alterações no texto. A
Carta deve ir para votação com o
texto como está.
Entre os principais pontos de
discórdia entre os sunitas, de um
lado, e os xiitas e curdos, de outro,
está a instituição do federalismo
no país. Os sunitas -grupo étnico-religioso minoritário que estava no poder durante a ditadura de
Saddam Hussein (1979-2003)-
temem que o federalismo, que daria autonomia administrativa às
Províncias iraquianas, condene-os à pobreza. Isso porque as três
Províncias em que eles são maioria não são ricas em petróleo.
"Se aprovada [a Constituição],
haverá um levante nas ruas",
ameaçou o negociador sunita Saleh al Mutlak. Mas o porta-voz do
governo iraquiano Laith Kubba
disse que "o projeto que foi apresentado é aproximadamente o
que será implementado".
O projeto da Constituição deve
passar fácil pela Assembléia Nacional, onde xiitas e curdos são
maioria absoluta -os sunitas
boicotaram a eleição de janeiro.
O receio maior é que a Carta não
seja aprovada no referendo marcado para outubro. Esse desfecho
é provável, pois basta que três das
18 Províncias a rejeitem para que
ela seja descartada -em Anbar,
Salaheddin e Nínive, a maioria da
população é sunita.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, afirmou que os sunitas
têm de decidir em que tipo de sociedade querem viver. "Eles querem viver numa sociedade livre
ou querem uma sociedade violenta?", perguntou Bush. Seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld,
também comentou o impasse, dizendo que a nova Constituição
não encerrará todos os problemas
no país. Rumsfeld afirmou que
haverá aumento temporário do
contingente militar americano no
Iraque, de mil a 2.000 soldados,
durante o referendo sobre a Carta.
Em Baquba (55 km a nordeste
de Bagdá), um homem-bomba
matou um soldado americano e
seis civis. Em mensagem na internet cuja autenticidade não se pôde comprovar, o terrorista jordaniano Abu Mussab Zarqawi, líder
da Al Qaeda no Iraque, reivindicou a tentativa frustrada de atacar, com três mísseis Katyusha,
navios americanos no porto jordaniano de Ácaba, no mar Vermelho, na sexta-feira passada.
Com agências internacionais
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