São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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"EIXO DO MAL"

Tema era questão nuclear

Europa decide sustar reunião com iranianos

DA REDAÇÃO

O governo da França anunciou ontem que as potências européias decidiram cancelar negociações que teriam na semana que vem com o Irã sobre o programa nuclear do país, interrompendo um processo que já durava dois anos.
A Chancelaria francesa disse que a medida foi tomada porque o Irã quebrou a promessa de não retomar seu programa enquanto seguissem as discussões. No início do mês, Alemanha, Reino Unido e França haviam feito uma proposta oficial, mas Teerã a rejeitou e reiniciou as atividades nucleares. O Irã criticou a decisão de ontem. Já Washington apoiou.
O temor das potências européias e dos EUA é que Teerã venha a produzir armas nucleares. O "Washington Post", porém, publicou ontem informações que enfraquecem essa linha. Segundo o jornal, restos de urânio encontrados há dois anos no Irã eram de equipamentos repassados pelo Paquistão e não constituem evidência da existência de um programa iraniano clandestino de armas. A conclusão foi de um grupo de especialistas estrangeiros e do próprio governo americano.
"Não haverá o encontro de 31 de agosto já que o Irã decidiu suspender a aplicação do Acordo de Paris", alegou a Chancelaria francesa, que, porém, disse que os contatos serão mantidos. Nesse acerto, de novembro, Teerã se comprometeu a não retomar as atividades nucleares enquanto negociasse com os europeus.
Já o Irã alega que agiu de acordo com o que havia transmitido às potências européias em maio. "Falamos que, se a proposta deles não desse ao Irã o direito de enriquecer urânio, seria rejeitada, e a usina de Isfahan reativada", disse Hossein Mousavian, um dos negociadores iranianos. Segundo ele, essa decisão não será revista, mas o Irã está aberto a negociar a questão do enriquecimento de urânio em outra usina, de Natanz.

"Post"
Em seu texto, o "Washington Post" afirmou que um grupo de especialistas de cinco países se reuniu por nove meses para analisar material coletado no Irã pelos inspetores da AIEA, a agência nuclear da ONU. A comissão, cuja existência não havia sido revelada, chegou à conclusão de que as amostras de urânio enriquecido que analisou eram de centrífugas vendidas ao Irã pelo Paquistão.

Coréia do Norte
Os EUA sugeriram ontem que poderiam romper um impasse nas negociações com Coréia do Norte, que serão retomadas na semana que vem, ao aceitar que o país asiático tenha o direito de desenvolver um programa de energia nuclear. Até então, Washington exigia que a Coréia do Norte, além de desistir de produzir armas, abrisse mão de um programa de energia, por causa do temor de que viesse a se interessar de novo pelas bombas.


Com agências internacionais

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