São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Aquisições do Brasil são alvo de "patriotas"

Da reportagem local

A lgo que poderia parecer impensável há menos de dez anos, o mercado norte-americano tem sido um dos principais destinos dos investimento de empresas multinacionais brasileiras fora do Brasil. Marcas tradicionais dos EUA têm caído de maneira sistemática no controle de companhias nacionais ou com forte participação de capital brasileiro em sua composição.
A mais recente delas ocorreu em julho e envolveu a compra, por US$ 52 bilhões, da norte-americana Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser (a cerveja mais vendida do mundo e um ícone nos EUA) pela InBev (ela própria resultado de uma fusão entre a brasileira AmBev e a belga Interbrew).
Esse e outros negócios vêm chocando muitos nacionalistas norte-americanos.
A ponto de Herb Kohl, senador democrata de Wisconsin, ter acionado formalmente o Departamento de Justiça dos EUA (sem nenhum sucesso até o momento) para tentar barrar a expansão de outro grupo brasileiro em solo norte-americano, o frigorífico JBS-Friboi. O grupo adquiriu no ano passado 100% da Swift Foods & Company, cuja fundação nos Estados Unidos tem raízes no século 19. A compra transformou a empresa brasileira em líder mundial em proteínas de origem bovina e a terceira maior produtora e processadora de carne suína nos EUA.
Além do nacionalismo crescente, especialmente neste ano eleitoral, algumas empresas brasileiras nos EUA, como a fabricante de aços Gerdau, já enfrentaram protestos e ações de sindicatos de trabalhadores naquele país que as acusavam de adotar contratos de trabalho irregulares ou abusivos. Outras aquisições mais antigas incluem companhias dos setores têxtil, de commodities, cimento e petróleo. A participação de ações das empresas brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York também vem aumentando nos últimos anos.
A pesar do descon- forto dos mais nacionalistas nos EUA, a participação de empresas norte-americanas no Brasil é muito mais antiga e abrangente -embora grande parte das unidades aqui tenha sido constituída do zero, e não a partir de empresas compradas.
Segundo pesquisa realizada no ano passado pelo Brasil-US Business Council, sediado em Washington, entre as maiores companhias americanas listadas pela revista "Fortune" e que têm negócios no Brasil, houve um aumento de 43% do pessoal empregado no país entre 2003 e 2006.
O período coincidiu com a recuperação da economia brasileira, o que levou a dobrar, nos últimos dois anos (para 3%), a participação total do Brasil na receita dessas multinacionais ao redor do mundo. Entre os negócios das norte-americanas fincadas aqui, os maiores aumentos de receita têm sido obtidos no setor de serviços, seguido depois pelo industrial.
Enquanto os brasileiros enfrentam o protecionismo nos EUA, no Brasil os norte-americanos reclamam do peso e da burocracia do Estado.
Segundo pesquisa de opinião entre esses empresários norte-americanos, a elevada carga tributária no país aparece no topo dos entraves (40%). Em seguida, vêm a falta de marcos regulatórios nos negócios (15%) e a precariedade da infra-estrutura nacional (11%).
Mesmo assim, a imensa maioria das empresas americanas aqui instaladas espera crescimento em seus negócios nos próximos anos. (FCZ)


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