São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Insurgentes fazem maior conquista militar do levante

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A TRÍPOLI

Após quatro dias de confrontos, rebeldes líbios invadiram ontem em Trípoli o complexo do ditador Muammar Gaddafi, cuja queda parece cada vez mais próxima.
A entrada em Bab al Azizia, o conjunto de prédios que abriga a sede do governo e a residência oficial de Gaddafi, é a mais importante conquista militar dos insurgentes desde o início do levante.
Não estava claro, até o fechamento desta edição, qual proporção do complexo estava tomada. Os rebeldes creem poder ter pleno controle da capital nos próximos dias.
Também é desconhecido o paradeiro do ditador. Ontem, ele fez discurso em uma rádio de Trípoli, dizendo que a saída do complexo foi tática e prometendo "vitória ou morte".
À noite, manifestantes antirregime tomaram a simbólica praça Verde, onde Gaddafi reunia multidões de simpatizantes até dias atrás. Com os primeiros rumores da entrada dos rebeldes em Bab al Azizia, mulheres eram vistas nas janelas cantando.
Crianças foram às ruas agitando a bandeira tricolor, usada na Líbia antes do golpe de Gaddafi, em 1969.

AÇÃO COORDENADA
A entrada em Bab al Azizia é fruto de uma ofensiva lançada há várias semanas.
A ação envolveu avanço rumo a Trípoli coordenado por sul, oeste e leste e uma intensificação dos bombardeios da Otan (aliança militar ocidental), com respaldo da ONU.
Na chegada à capital, rebeldes enfrentaram forte resistência. Há dezenas de mortos entre civis e insurgentes. Grupos de moradores de Trípoli que apoiam o regime recorreram em massa a armas pessoais para defendê-lo. Um dos moradores pró-Gaddafi apontou uma metralhadora para o repórter ao ser questionado sobre uma eventual mudança de regime. Trípoli ainda tem vários focos de combate, e há relatos de tiros disparados por franco-atiradores nos arredores do complexo de Gaddafi.
Causa medo entre oposicionistas o rumor de que agentes pró-Gaddafi agitam bandeiras rebeldes para despistar e atacar inimigos. Os combates transformaram Trípoli numa cidade disfuncional. A luz cai a toda hora, e a água corrente vem com pouca pressão. Boa parte do comércio está fechada. Há filas nos postos de gasolina.
"Estamos enfrentando vários problemas, mas o maior deles é Gaddafi. Quando ele se for, tudo vai melhorar", diz Redwan Khaled, 39, morador do bairro de Janzur.


Texto Anterior: Rebeldes tomam centro do poder na Líbia
Próximo Texto: Saiba mais: Símbolo do regime, escultura mostra avião esmagado
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.