São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Oposicionistas formam grupo heterogêneo e sem agenda clara

DE JERUSALÉM

O grupo de líbios que o mundo se habituou a chamar pelo termo vago de "rebeldes" está mais para um aglomerado heterogêneo com origens e intenções diversas.
Nas ruas e nos gabinetes, a luta contra o regime de Muammar Gaddafi pôs lado a lado gente de perfis tão diversos que o maior desafio com o fim do regime será definir uma visão comum de futuro.
Ao menos no início, a legitimidade internacional está garantida para o novo governo, incluindo vizinhos. A Liga Árabe reconheceu anteontem o governo rebelde, e 35 países já haviam feito o mesmo. Entre eles EUA, França, Alemanha, Tunísia e outros cinco árabes, além de uma potência regional, a Turquia. Mais dois africanos e nenhum latino-americano.

"SHABAB"
Assim como em outras ditaduras atingidas pela Primavera Árabe, a revolta contra Gaddafi começou espontaneamente, sem liderança definida. O grosso dos rebeldes é formado pelos chamados "shabab" (jovens, em árabe), civis de origens variadas. Na linha de frente há médicos, sapateiros, empresários, desempregados, gente humilde e bem de vida. A maioria, com pouca ou nenhuma experiência militar.
Há também combatentes de clara orientação islâmica, com e sem barba, alguns ligados à Al Qaeda. Mas o espírito predominante é de fundo nacionalista, não religioso.
O certo é que os grupos islâmicos terão muito mais espaço do que antes, quando eram duramente reprimidos. Não há indicação, porém, que eles serão predominantes.
A liderança rebelde também é um mosaico de interesses e origens. Há desertores, (a começar pelo presidente interino, Mustafa Abdul Jalil, ex-ministro da Justiça de Gaddafi), líderes sindicais, ex-presos políticos e ativistas.
Mas o governo transitório não representa todos os rebeldes. Há milícias independentes, uma liderança paralela, e uma indisfarçável sede de vingança em relação aos colaboradores do regime.
Um exemplo foi o assassinato recente do comandante militar dos rebeldes, Abdel Fattah Younes: o ex-ministro do Interior de Gaddafi era visto com desconfiança por seu papel na repressão.


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