São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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Dote vira pagamento à família do noivo e alimenta crimes

DA ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI

Proibido por lei desde 1961, o pagamento de dote continua a ser praticado na Índia, e o país conta com uma categoria especial de crime: o assassinato de mulheres por maridos ou sogras insatisfeitos com o que receberam pelo matrimônio.
As estatísticas oficiais indicam que uma mulher é assassinada a cada 77 minutos na Índia por causa do dote. No ano passado, foram 6.787 homicídios, queda de 3,4% em relação a 2004, que havia registrado o maior índice desta década.
Os crimes são praticados pelos maridos, por suas mães ou por ambos. O método mais freqüente é atear fogo à mulher molhada por querosene -para dar ao crime o caráter de acidente doméstico ou suicídio.
Radhika Chopra, professora de sociologia da Universidade de Déli, afirma que o dote está longe de desaparecer da sociedade indiana. Segundo ela, a instituição deixou de ser um presente de casamento dos pais à filha e tornou-se em um pagamento ao noivo e à sua família.
Com mais mulheres no mercado de trabalho, muitas vezes bem remuneradas, surgiu uma nova modalidade, diz Radhika: as próprias noivas começaram a poupar dinheiro para dar à família do futuro marido.
A justificativa mais comum nesses casos é tirar a obrigação dos ombros dos pais. Mas, para Radhika, há uma motivação maior. "As que poupam para o dote aumentam seus atrativos para o casamento." (CT)


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