São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Protesto de monges é o maior em 20 anos

Em Mianmar, cerca de 20 mil pessoas, entre monges, freiras e civis, protestaram contra a junta militar

France Presse
Monges e freiras rezam em protesto contra a junta militar de Mianmar; após seis dias, movimento chegou a seu auge ontem


DA REDAÇÃO

Os protestos contra a junta militar de Mianmar cresceram ontem quando milhares de pessoas e um grupo de cerca de cem freiras se uniram a cerca de 5.000 monges em uma marcha pela capital, Yangun.
Foi o sétimo dia de manifestações contra o regime militar no que se tornou o maior protesto contra o governo no país em 20 anos, desde que a junta militar reprimiu com violência atos pró-democracia em 1988, matando 3.000 civis. O protesto dos monges começou no mês passado, quando o governo decidiu aumentar o preço dos combustíveis em cerca de 500%.
Cerca de 20 mil pessoas tomaram ontem as ruas de Yangun, enquanto outras 10 mil protestaram na cidade de Mandalay (norte) no sábado.
Ontem, a polícia impediu os monges de se aproximarem da casa onde a líder pró-democracia e prêmio Nobel Aung San Suu Kyi é mantida presa.
Suu Kyi é a líder da Liga Nacional pela Democracia, que ganhou as eleições gerais, em 1990, mas foi impedida pelos militares de tomar o poder.
Ligando o seu protesto pela primeira vez ao movimento pró-democracia, no sábado, a polícia permitiu que os monges chegassem próximo à casa da líder, que acenou para os manifestantes em sua primeira aparição pública em mais de quatro anos.
"É significativo o fato de os militares terem permitido que eles passassem", disse o especialista em Mianmar da Universidade de Georgetown em Washington, David Steinberg. "Essas e outras imagens indicam que os militares não estão preparados, a não ser que as coisas piorem, para confrontar diretamente os monges em seus uniformes."
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que os EUA estão "assistindo com cuidado" aos protestos e denunciou o "regime brutal" de Mianmar. "O povo de Mianmar merece o direito de viver em liberdade, como todo mundo", afirmou Rice.
Os protestos têm sido pacíficos, com os monges convocando milhares de pessoas a aderir à manifestação. As principais reivindicações são a reconciliação do governo com a oposição, a soltura de prisioneiros políticos e a redução de preços.
Em Mianmar, há entre 400 mil e 500 mil monges e noviços, o que faz do grupo a única instituição de tamanho comparável aos militares. Alguns monges têm se recusado a atender militares e suas famílias.


Com agências internacionais

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