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IMIGRAÇÃO
Segundo estudo, país vive maior onda de imigração de sua história; ilegais distorcem representatividade do Congresso
EUA prendem 300 ilegais no Wal-Mart
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Autoridades americanas prenderam ontem mais de 300 imigrantes ilegais trabalhando em lojas da rede Wal-Mart, a maior cadeia de lojas de departamento e
supermercados do mundo.
A operação foi coordenada em
21 Estados, e a maioria dos detidos trabalhava para empresas de
limpeza subcontratadas.
O Departamento de Imigração
dos EUA afirmou, com base em
gravações telefônicas, que dirigentes do Wal-Mart sabiam da
existência dos ilegais.
A Wal-Mart, que poderá ser
multada em até US$ 3 milhões,
soltou um comunicado afirmando ter mais de cem empresas de
limpeza contratadas e que sempre
exigiu pessoal legalizado.
As prisões foram anunciadas no
mesmo dia em que um novo estudo demonstrou que os imigrantes
ilegais nos EUA estão causando
uma distorção na representatividade dos Estados no Congresso.
O levantamento revelou que
mais de uma dezena de Estados
perdeu pelo menos uma cadeira
no Congresso a partir de 2000 por
ter um número menor de ilegais e
estrangeiros não-naturalizados.
Outros, como a Califórnia, o
que mais abriga ilegais no país,
chegaram a ganhar seis cadeiras.
A distorção ocorreu pelo fato de
o número de representantes no
Congresso ser calculado com base
na população geral -levantada
pelo Censo-, não pelo total de
pessoas autorizadas a votar.
Em função dessa distinção, alguns congressistas da Califórnia
foram eleitos no ano passado com
menos de 35 mil votos. Em Estados com menos ilegais, houve políticos que precisaram de mais de
100 mil votos. Segundo o Centro
de Estudos de Imigração dos
EUA, o país passa hoje pela maior
onda de imigração de sua história.
Desde o final dos anos 1990, os
EUA vêm absorvendo cerca de 1,5
milhão de imigrantes (legais e ilegais) por ano. O Censo de 2000
contabilizou 7 milhões de ilegais e
outros 12 milhões de estrangeiros
vivendo legalmente no país.
Somados aos imigrantes já legalizados, a população de pessoas
não nascidas nos EUA é de 32 milhões -mais de 10% da população total do país.
O crescimento do número de
imigrantes levou o Congresso a
começar a recalcular as projeções
para o déficit do sistema de seguridade social para os próximos 75
anos. As estimativas mais pessimistas, que levam em conta o envelhecimento da população,
apontam um déficit futuro até
US$ 3,7 trilhões, contra os US$
200 bilhões projetados hoje.
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