São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bush anuncia fundo contra regime cubano

Em pronunciamento hoje, presidente dos EUA também conclamará militares da ilha a "escolher de que lado estão"

"Fundo da Liberdade" acena com ajuda a cubanos depois da queda de Fidel Castro; Casa Branca diz que buscará doações de outros países

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O presidente George W. Bush anunciará hoje a criação do que batizou de "Fundo da Liberdade por Cuba" (Freedom Fund for Cuba). O objetivo, segundo adiantou ontem à noite um alto funcionário da Casa Branca, é levantar fundos para "apoiar os cubanos" e ajudar "na reconstrução de seu país quando houver um governo que respeite as liberdades fundamentais".
Para tanto, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o secretário de Comércio, o norte-americano de origem cubana Carlos Gutierrez, tentarão "convencer governos de outros países e organizações internacionais a contribuir para a iniciativa". Na prática, o governo norte-americano acena com um incentivo financeiro se e quando o povo cubano decidir mudar o regime atual, no poder há quatro décadas.
"A comunidade internacional precisa estar preparada para o momento de mudança, e nós estamos nos concentrando no momento de mudança no qual haverá um governo de transição que dará passos concretos para mostrar que respeita as liberdades individuais fundamentais", disse o funcionário, que falou com a condição de que não fosse identificado.
Antecipando-se ao anúncio, o ditador cubano, Fidel Castro, 81, publicou artigo ontem em que afirma que o presidente norte-americano planeja uma "nova conquista pela força" de Cuba, que agora batizou de "período de transição". Intitulado "Bush, Fome e Morte", o texto seria comentado pela porta-voz da Casa Branca, Dana Perino: "Ditadores falam muitas coisas, e a maioria descartável, incluindo essa".
Além do dinheiro, Bush anunciará duas outras medidas. Uma libera organizações não-governamentais e grupos religiosos para prover estudantes cubanos com computadores e livre acesso à internet -pela lei atual, entidades norte-americanas são proibidas de fazer negócios com cubanos.
A outra abrirá a estudantes cubanos a participação num programa de bolsas já existente, o Parcerias para a Juventude Latino-Americana, lançado em março. Em determinado momento, Bush se dirigirá aos governantes cubanos, "especialmente membros do aparato militar e de segurança", e dirá que eles estão diante de uma escolha: "de que lado eles estão, dos cubanos que exigem liberdade ou dos que usam de força contra seus próprios cidadãos, contra os que se opõem a um regime moribundo".
Então, falará diretamente aos cubanos comuns. Dirá que eles "têm o poder de mudar e definir seu futuro, que são eles que atingirão um futuro em que os líderes cubanos serão escolhidos por eles, em que seus filhos poderão crescer com paz e prosperidade". Estará acompanhado de familiares de presos políticos cubanos.
Indagado sobre se o presidente estava conclamando os cubanos a uma rebelião armada, o funcionário disse que não. Também disse que no momento estava fora de questão o fim do embargo econômico à ilha.


Texto Anterior: Chavistas incham o projeto de mudança da Carta na Assembléia
Próximo Texto: "El País" libera acesso na rede; "Guardian" cria site para EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.