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PARAGUAI
Produtores rurais resistem a se reunir com Lugo e sem-terra
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LIMA
(PARAGUAI)
A crise agrária no Paraguai
já cria dificuldades políticas
para o governo de Fernando
Lugo. Produtores rurais brasileiros e paraguaios resistem em participar de uma
reunião hoje com o presidente, em San Pedro, capital
do departamento de mesmo
nome, no norte do país.
Anunciada pela chefia de
gabinete do governador José
Ledesma Pakova, mas não
confirmada oficialmente pela Presidência, a reunião deve servir para Lugo apresentar soluções para o impasse
entre sem-terra e produtores
-brasileiros e paraguaios-
impedidos de plantar a safra
de verão. Na reunião, além
de Lugo e ministros, devem
estar presentes líderes sem
terra de San Pedro.
""Na última segunda-feira,
aqui em Lima [município de
San Pedro], houve uma reunião com o governador e o
presidente do Indert [Instituto de Desenvolvimento
Rural e de Terras], Aldo Alderete. Só os sem-terra tiveram a palavra, não nos ouviram. Vai ser a mesma coisa",
afirmou Aurélio Perez Leon,
justificando o boicote ao possível encontro com Lugo.
A reunião acontece um dia
após o fim do prazo pedido
pelo governo para apresentar uma solução a nove grupos de sem-terra e produtores rurais das cidades de Lima e General Resquín.
Nos dois municípios, os
produtores estão impedidos
pelos sem-terra de plantar a
safra de verão e de colher a
lavoura de inverno.
Os sem-terra de San Pedro
haviam ameaçado invadir fazendas de "brasiguaios"
-produtores rurais brasileiros- caso eles não deixassem as terras até ontem.
Segundo Gerónimo Sanches, da CAP (Coordenação
Agrícola do Paraguai), há hoje 268 mil pequenos e médios produtores impedidos
de plantar em todo o Paraguai. As situações mais tensas são no departamento de
San Pedro e no município de
San Alberto, no departamento de Alto Paraná (leste).
Na última semana, acordo
entre sem-terra, agricultores
e autoridades do governo
permitiu que o plantio da safra de verão fosse retomado
nas cidades de Maracaju e
Porto Índio, em Alto Paraná.
Eleito com o apoio das
mais de duas dezenas de organizações de sem-terra
existentes no Paraguai, Lugo
enfrenta pressão para promover uma reforma agrária
ampla no país. Por outro lado, diferentes organizações
de produtores exigem de Lugo o fim imediato dos conflitos no campo.
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