São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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PARAGUAI

Produtores rurais resistem a se reunir com Lugo e sem-terra

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LIMA (PARAGUAI)

A crise agrária no Paraguai já cria dificuldades políticas para o governo de Fernando Lugo. Produtores rurais brasileiros e paraguaios resistem em participar de uma reunião hoje com o presidente, em San Pedro, capital do departamento de mesmo nome, no norte do país.
Anunciada pela chefia de gabinete do governador José Ledesma Pakova, mas não confirmada oficialmente pela Presidência, a reunião deve servir para Lugo apresentar soluções para o impasse entre sem-terra e produtores -brasileiros e paraguaios- impedidos de plantar a safra de verão. Na reunião, além de Lugo e ministros, devem estar presentes líderes sem terra de San Pedro.
""Na última segunda-feira, aqui em Lima [município de San Pedro], houve uma reunião com o governador e o presidente do Indert [Instituto de Desenvolvimento Rural e de Terras], Aldo Alderete. Só os sem-terra tiveram a palavra, não nos ouviram. Vai ser a mesma coisa", afirmou Aurélio Perez Leon, justificando o boicote ao possível encontro com Lugo.
A reunião acontece um dia após o fim do prazo pedido pelo governo para apresentar uma solução a nove grupos de sem-terra e produtores rurais das cidades de Lima e General Resquín.
Nos dois municípios, os produtores estão impedidos pelos sem-terra de plantar a safra de verão e de colher a lavoura de inverno.
Os sem-terra de San Pedro haviam ameaçado invadir fazendas de "brasiguaios" -produtores rurais brasileiros- caso eles não deixassem as terras até ontem.
Segundo Gerónimo Sanches, da CAP (Coordenação Agrícola do Paraguai), há hoje 268 mil pequenos e médios produtores impedidos de plantar em todo o Paraguai. As situações mais tensas são no departamento de San Pedro e no município de San Alberto, no departamento de Alto Paraná (leste).
Na última semana, acordo entre sem-terra, agricultores e autoridades do governo permitiu que o plantio da safra de verão fosse retomado nas cidades de Maracaju e Porto Índio, em Alto Paraná.
Eleito com o apoio das mais de duas dezenas de organizações de sem-terra existentes no Paraguai, Lugo enfrenta pressão para promover uma reforma agrária ampla no país. Por outro lado, diferentes organizações de produtores exigem de Lugo o fim imediato dos conflitos no campo.


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