São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Itália vira alvo de críticas em reunião para discutir crise

Líderes da União Europeia devem anunciar medidas na quarta

VAGUINALDO MARINHEIRO

ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

Poucas decisões e muitas críticas à Itália. Esse é o resumo da reunião dos líderes europeus em Bruxelas para tentar resolver os problemas econômicos no continente.
Medidas concretas só devem ser anunciadas na próxima cúpula, que acontece depois de amanhã.
Mas a chanceler alemã, Angela Merkel, voltou a insistir que não adianta criar um pacote para bancos e um fundo de estabilização de trilhões se os países não controlarem suas contas (déficits e dívidas).
"Só vamos reconquistar a confiança dos mercados se os países fizeram a lição de casa", disse.
Era uma crítica direta à Itália, a terceira maior economia da zona do euro, cuja dívida equivale a 120% do PIB (conjunto de riquezas de um país). Esse percentual é o dobro do permitido pelos tratados da União Europeia, e só a Grécia tem maior, 160%.
Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tiveram um encontro em separado com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, para reforçar que o país precisa arrumar suas contas.
Depois, o francês ressaltou que Irlanda, Portugal e Espanha são responsáveis e tomaram providências para equilibrar suas finanças. Nada falou sobre a Itália.
Um jornalista perguntou se Sarkozy e Merkel confiam que Berlusconi adotará as medidas certas. O francês olhou para a alemã e sorriu. Depois, pouco convincente, disse: "Confiamos na Itália".

IRRITAÇÃO
Criticados por demorar em tomar decisões para salvar o euro e a economia europeia, Merkel e Sarkozy se mostraram irritados.
O francês disse que o problema atual não foi criado por ele ou Merkel, mas por aqueles que permitiram a entrada no bloco de países que não tinham as finanças em ordem -Grécia, por exemplo.
Já Merkel afirmou que nenhum analista consegue dizer o que a Europa deve fazer e que resultados teriam essa ou aquela medida. "Estamos num terreno ainda desconhecido, inédito."
Dos três principais pontos que os líderes europeus têm que atacar -crise da Grécia, crise dos bancos e crise de confiança - o que mais avançou foi o da crise bancária.
Merkel e Sarkozy confirmaram que houve concordância para um pacote de recapitalização dos bancos, que deve exigir € 108 bilhões. As instituições deverão buscar dinheiro no mercado. Se não conseguirem, haverá ajuda oficial.
Os dois não quiseram dar mais detalhes. Dizem que tudo será anunciado junto.
Resta saber a reação do mercado hoje. De otimismo, por crer que enfim algo será feito, ou de pessimismo, por mais um adiamento.


Texto Anterior: Terremoto mata mais de 200 na Turquia
Próximo Texto: Arrecadação: Bloqueado por bancos, WikiLeaks inicia hoje campanha por doações
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.