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Líbano mergulha no caos institucional
Presidente que deixou o poder às 24h declara "estado de emergência", que o premiê rejeita em meio à crise de sucessão
Presidente Lahoud, aliado
da Síria, ainda quis entregar
segurança ao Exército; EUA
aceitam poderes do premiê
com o comandante interino
DA REDAÇÃO
O Líbano mergulhou ontem
à noite numa situação institucional caótica, quando o presidente Emile Lahoud, que deixou suas funções às 24h, com a
expiração de seu mandato,
afirmou que o país estava "em
estado de emergência" e encarregou o Exército de cuidar
da segurança interna.
O episódio completou uma
sexta-feira politicamente confusa, já que o Parlamento não
havia conseguido, pela quinta
vez, eleger seu sucessor.
A declaração de Lahoud,
apoiado pela Síria e pelo Irã,
era bastante inusitada porque,
pela Constituição, a decisão de
decretar estado de emergência
deve partir do primeiro-ministro, Fuad Siniora, apoiado pelos ocidentais e pela Arábia
Saudita. O porta-voz do premiê retrucou de imediato que
a decisão de Lahoud era ilegal e
não teria nenhuma validade.
Mas assessores do presidente afirmaram que Siniora era o
chefe de um governo "ilegítimo", e que os militares deveriam devolver a segurança libanesa apenas a um gabinete
com legitimidade, quando este
fosse escolhido.
Reação americana
Os Estados Unidos reagiram
em pouco minutos. O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, divulgou nota em que exorta os militares e os policiais libaneses a
assegurar o Estado de Direito
enquanto os políticos negociam uma solução para a crise.
McCormack não mencionou
o "estado de emergência" citado pelo presidente. Disse apenas que, para não se instalar um
vácuo de poder, "o governo libanês assumirá as responsabilidades executivas do presidente", até que o Parlamento indique um novo chefe de Estado.
Por fim, McCormack lançou
um apelo para que o Parlamento continue tentando eleger um
novo ocupante para a cadeira
presidencial "sem interferências externas", menção à Síria.
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, publicou curto
comunicado em que "exorta todos os partidos a exercerem
suas responsabilidades e a
atuar dentro do quadro constitucional, agindo de maneira pacífica e democrática" para a
eleição de um presidente "o
mais rapidamente possível".
O premiê Siniora tem sofrido
um longo processo de desgaste
por parte do Hizbollah, grupo
islâmico que deixou o governo
e tenta derrubá-lo.
A declaração do presidente,
que segundo assessores seus
equivale à decretação do estado
de emergência, consistiu em
encarregar o Exército da "autoridade de manter a segurança
no conjunto do território e de
colocar todas as forças de segurança sob seu comando", segundo o porta-voz presidencial
Rafic Chalala.
O "New York Times" informa que o Hizbollah, maior partido político da oposição, prometeu não promover manifestações contra o premiê no momento em que -era o que se esperava à tarde- ele assumisse
interinamente as atribuições
de Lahoud.
Nawar al Sahili, deputado do
grupo islâmico, afirmou que
"para nós não existe agora mais
governo", mas que não há planos de radicalização, já que
dentro de uma semana o Parlamento se reuniria novamente.
O presidente do Legislativo,
Nabih Berri, afirmou no final
da tarde que os grupos em conflito teriam até a outra sexta-feira para chegar a um acordo.
Ainda para o "New York Times", o atual impasse favorece
a Síria, que por sua vez pode
pressionar seus aliados caso os
Estados Unidos reconheçam
seu papel na conferência sobre
o Oriente Médio, que se instala
na próxima terça-feira em Annapolis, Estado de Maryland.
"Os sírios estão esperando
para ver", disse Samir Frangieh, deputado da coalizão governista. "Nós queremos o consenso e continuaremos trabalhando pelo consenso", disse o
líder oposicionista Saad Hariri,
favorito como próximo premiê.
Com agências internacionais
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