São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / FORMAÇÃO DO GABINETE

Com agenda ousada, Obama anuncia hoje equipe econômica

Timothy Geithner, atual presidente do Fed de NY, ficará com Tesouro; ex-secretário Lawrence Summers será conselheiro

Política deve se basear na criação de empregos e corte de impostos; democratas já falam em novo estímulo de até US$ 700 bi à economia


SÉRGIO DÁVILA
EM NOVA YORK

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, anuncia hoje sua equipe econômica. Em entrevista coletiva em Chicago com seu vice, Joe Biden, às 11h locais (15h de Brasília), dirá quem será seu secretário de Tesouro e outros cargos-chave, como diretor do conselho econômico nacional e diretor de Orçamento da Casa Branca.
O primeiro e mais importante ficará mesmo com Timothy Geithner, 47, atual presidente do Federal Reserve de Nova York, como foi vazado à imprensa na sexta. A informação foi confirmada ontem por David Axelrod, um dos principais assessores de Obama: "Por seu temperamento e experiência, ele é perfeito para o momento".
Representante do banco central norte-americano em Wall Street e ex-funcionário de carreira do Tesouro, Geithner foi um dos artífices do plano de resgate financeiro de US$ 700 bilhões e é um tecnocrata apartidário com excelente acesso ao mercado -o vazamento de seu nome fez a Bolsa fechar em alta após uma semana de perda.
Lawrence Summers, 53, e Peter Orszag, 39, devem ficar respectivamente com o segundo e o terceiro postos. O primeiro foi secretário do Tesouro do final do governo de Bill Clinton (1993-01) . Já Orszag será o responsável por montar o primeiro Orçamento de Obama, esqueleto de seu programa de governo a ser levado ao Congresso no segundo trimestre.

Agenda ambiciosa
Confirmados os nomes, especula-se como será a dinâmica de trabalho do trio e a política econômica que implantarão. Sobre a primeira, potenciais pontos de tensão são o fato de Geithner ter sido chefiado por Summers -situação que se inverte-, e o choque entre estilo contido do primeiro e o temperamento explosivo do segundo.
Já a agenda deverá ser baseada no tripé criação de empregos-pacote de estímulo à classe média-reforma do código tributário. Anteontem, Obama prometeu a criação de 2,5 milhões de vagas, proposta ambiciosa, mas aguardada num momento em que o desemprego nos EUA bate os 6,5%.
Já os democratas do Congresso começam a falar num pacote de estímulo à classe média que começou com US$ 150 bilhões, quando foi defendido pela primeira vez por Obama, e ontem chegava a "algo entre US$ 500 bilhões e US$ 700 bilhões", nas contas do senador democrata Charles Schumer.
Seja qual for o valor, Obama promete fazer de sua aprovação o primeiro ato de seu governo, e o Congresso promete mandar a proposta de lei já no dia da posse, 20 de janeiro. Entre outras medidas, terá corte de impostos para a classe média, extensão de benefícios a desempregados e ajuda a governos estaduais e municipais.
Entre outros nomes vazados, mas que só devem ser confirmados na segunda que vem, estão o da senadora Hillary Clinton no Departamento de Estado, de Bill Richardson, governador do Novo México, como secretário do Comércio, e do ex-senador Tom Daschle no Departamento de Saúde.
Sobre a alta presença de clintonistas e os temores de que reunir ex-rivais no gabinete seja uma estratégia que saia pela culatra, Axelrod justificou: "Há uma pessoa que vai definir a política deste governo, e essa pessoa é o presidente."


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