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EUA e europeus negociam presos de Guantánamo
DA REDAÇÃO
Após Portugal ter manifestado, no dia 11, a disposição de receber prisioneiros libertados
da base militar americana de
Guantánamo (Cuba), ao menos
mais cinco países europeus já
estão considerando a hipótese,
informou o "Washington Post".
Na última segunda, a Alemanha havia sido o segundo membro da União Européia (UE) a
trazer a público a intenção.
De acordo com funcionários
e diplomatas da UE e dos EUA
ouvidos pelo jornal americano,
o eventual acolhimento dos detentos está sendo planejado pelos líderes desses países como
um gesto de aproximação ao futuro governo de Barack Obama.
Sondagens da equipe do presidente George W. Bush nos últimos anos foram reiteradamente refutadas pelos europeus.
A diferença é que "Bush produziu o problema, Obama está
tentando resolvê-lo", disse ao
"Post" a responsável pelas relações com Washington do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. O futuro presidente defende desde a campanha o fechamento da prisão,
criada em 2002 para receber
detentos da "guerra ao terror"
iniciada no pós-11 de Setembro.
Há, no entanto, uma série de
entraves jurídicos, políticos e
logísticos para tanto. Segundo o
Pentágono, a base abriga hoje
255 presos -em 2002, eram
mais de 800-, dos quais cerca
de 60 já foram liberados, mas
não são enviados de volta a seus
países de origem por correrem
risco de perseguição. É o caso,
por exemplo, de 17 chineses uigures muçulmanos.
Seriam esses os detentos
transferidos aos países europeus após o fechamento da prisão -até então, apenas a Albânia havia manifestado interesse no acolhimento. A equipe de
transição de Obama, no entanto, recusa-se a tratar do tema,
mesmo informalmente, antes
da posse, em 20 de janeiro.
Há também dúvidas sobre se
prisioneiros serão transferidos
para os EUA, o que o governo
Bush rejeita, e sobre que destino será dado aos processos em
andamento, que tramitam segundo regras particulares. Os
"combatentes inimigos ilegítimos" não são amparados por
convenções sobre prisioneiros
de guerra e até julho não possuíam direito a habeas corpus.
Há duas semanas, a Chancelaria portuguesa divulgou uma
carta endereçada aos seus pares europeus conclamando a
UE a "responder à chamada para fechar o centro de detenção
de Guantánamo" e se dispôs a
receber seus prisioneiros libertados. Anteontem, foi a vez de a
Alemanha anunciar que já encomendou estudos legais para
viabilizar o acolhimento.
Ao "Post", o chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado,
disse que colocará o tema em
pauta em encontro de chanceleres da UE e no conselho de relações exteriores do bloco, ambos no final de janeiro, quando
Obama já terá assumido.
Como Portugal, a Alemanha
pretende tratar do tema no âmbito do bloco, devido aos acordos de livre trânsito de pessoas
entre os países-membros. E o
porta-voz do governo alemão,
Thomas Steg, disse ainda que
não será dada aos EUA a liberdade de impor "condições" em
um acordo de transferência.
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