|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOB NOVA DIREÇÃO / ECONOMIA
Desemprego pode atingir 2 dígitos em breve, diz Obama
Taxa de 7,2% em dezembro já era a maior desde 1992; segundo o presidente, retração da economia poderá custar US$ 1 trilhão
Democrata diz que adotará "medidas sem precedentes" e que pacote de US$ 825 bi deverá ter a aprovação
do Congresso até o dia 16
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em seu primeiro pronunciamento semanal após assumir o
cargo, o presidente dos EUA,
Barack Obama, disse que o desemprego no país poderá atingir em breve a casa dos dois dígitos e que a retração da economia americana poderá custar
US$ 1 trilhão -ou cerca de US$
12 mil em perdas de renda para
cada família de quatro pessoas,
em média. A taxa de desemprego em dezembro ficou em 7,2%,
a maior desde 1992.
"Iniciamos essa administração em meio a uma crise sem
precedentes, que requer medidas igualmente sem precedentes. Só nesta semana vimos
mais pessoas recorrerem ao seguro-desemprego do que nos
últimos 26 anos", disse. "Se não
agirmos com vigor e rapidamente, uma situação que já é
bastante ruim pode ficar dramaticamente pior."
No pronunciamento no rádio, Obama defendeu a aprovação no Congresso do chamado
Plano Americano para Recuperação e Reinvestimento, como
batizou o pacote de US$ 825 bilhões que está negociando com
os parlamentares. Na sexta,
após encontro com lideranças
do seu partido, o Democrata, e
com republicanos, Obama afirmou que o plano poderá ser
aprovado até o próximo dia 16.
O pacote inclui US$ 275 bilhões em descontos no Imposto de Renda para os americanos
e uma série de investimentos
em infraestrutura, seguro-desemprego, saúde e entre US$
50 bilhões e US$ 100 bilhões
para auxiliar famílias que correm o risco de perder suas residências por conta da crise.
"Sei que muitos estão céticos
a respeito do tamanho e do alcance de nosso plano de recuperação. Entendo o ceticismo.
É por isso que o plano deve incluir medidas sem precedentes
que permitam ao povo fiscalizar e cobrar os resultados do
governo", afirmou.
Além dos US$ 825 bilhões,
Obama já tem à sua disposição
mais US$ 350 bilhões aprovados pelo Congresso para ajudar
os bancos no país. Mais de US$
200 bilhões já foram injetados
nos bancos, mas eles continuam restringindo o crédito às
empresas e ao consumo, principal ponto de estrangulamento
da economia neste momento.
A expectativa agora é que o
governo encontre mecanismos
para aumentar a sua influência
nas decisões dos bancos após
injetar os novos recursos neles.
O plano é usar grande parte
do dinheiro para limpar as carteiras de empréstimos dos bancos dos chamados ativos "tóxicos", resultado de empréstimos
irresponsáveis feitos pelos bancos sem garantias suficientes.
Ainda não está clara qual será
a contrapartida do governo ao
injetar mais alguns bilhões de
dólares nos bancos, mas aumenta dia a dia a discussão, que
já se tornou aberta, de uma possível nacionalização de algumas instituições, incluindo gigantes como o Citigroup e o
Bank of America. Uma das alternativas seria criar um mecanismo que garantiria a conversão desses títulos que o governo vai assumir em participações acionárias nos bancos.
Texto Anterior: Sob nova direção / Guerra sem fim: Presidente recalibra discurso sobre retirada total do Iraque Próximo Texto: Somália: Carro-bomba em Mogadício mata ao menos 14 Índice
|