São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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SOB NOVA DIREÇÃO / ECONOMIA

Desemprego pode atingir 2 dígitos em breve, diz Obama

Taxa de 7,2% em dezembro já era a maior desde 1992; segundo o presidente, retração da economia poderá custar US$ 1 trilhão

Democrata diz que adotará "medidas sem precedentes" e que pacote de US$ 825 bi deverá ter a aprovação do Congresso até o dia 16

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Em seu primeiro pronunciamento semanal após assumir o cargo, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o desemprego no país poderá atingir em breve a casa dos dois dígitos e que a retração da economia americana poderá custar US$ 1 trilhão -ou cerca de US$ 12 mil em perdas de renda para cada família de quatro pessoas, em média. A taxa de desemprego em dezembro ficou em 7,2%, a maior desde 1992.
"Iniciamos essa administração em meio a uma crise sem precedentes, que requer medidas igualmente sem precedentes. Só nesta semana vimos mais pessoas recorrerem ao seguro-desemprego do que nos últimos 26 anos", disse. "Se não agirmos com vigor e rapidamente, uma situação que já é bastante ruim pode ficar dramaticamente pior."
No pronunciamento no rádio, Obama defendeu a aprovação no Congresso do chamado Plano Americano para Recuperação e Reinvestimento, como batizou o pacote de US$ 825 bilhões que está negociando com os parlamentares. Na sexta, após encontro com lideranças do seu partido, o Democrata, e com republicanos, Obama afirmou que o plano poderá ser aprovado até o próximo dia 16.
O pacote inclui US$ 275 bilhões em descontos no Imposto de Renda para os americanos e uma série de investimentos em infraestrutura, seguro-desemprego, saúde e entre US$ 50 bilhões e US$ 100 bilhões para auxiliar famílias que correm o risco de perder suas residências por conta da crise.
"Sei que muitos estão céticos a respeito do tamanho e do alcance de nosso plano de recuperação. Entendo o ceticismo. É por isso que o plano deve incluir medidas sem precedentes que permitam ao povo fiscalizar e cobrar os resultados do governo", afirmou.
Além dos US$ 825 bilhões, Obama já tem à sua disposição mais US$ 350 bilhões aprovados pelo Congresso para ajudar os bancos no país. Mais de US$ 200 bilhões já foram injetados nos bancos, mas eles continuam restringindo o crédito às empresas e ao consumo, principal ponto de estrangulamento da economia neste momento.
A expectativa agora é que o governo encontre mecanismos para aumentar a sua influência nas decisões dos bancos após injetar os novos recursos neles.
O plano é usar grande parte do dinheiro para limpar as carteiras de empréstimos dos bancos dos chamados ativos "tóxicos", resultado de empréstimos irresponsáveis feitos pelos bancos sem garantias suficientes.
Ainda não está clara qual será a contrapartida do governo ao injetar mais alguns bilhões de dólares nos bancos, mas aumenta dia a dia a discussão, que já se tornou aberta, de uma possível nacionalização de algumas instituições, incluindo gigantes como o Citigroup e o Bank of America. Uma das alternativas seria criar um mecanismo que garantiria a conversão desses títulos que o governo vai assumir em participações acionárias nos bancos.


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