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GUERRA SEM LIMITES
Alemanha diz que deu à CIA nome e telefone de seqüestrador de avião; comissão investiga possível falha
EUA não usaram pista alemã de 99 sobre o 11 de Setembro
DO "NEW YORK TIMES"
Autoridades dos EUA e da Alemanha revelaram que investigadores americanos receberam o
primeiro nome e o número de telefone de um dos seqüestradores
do 11 de Setembro dois anos e
meio antes dos ataques, mas que,
aparentemente, não investigaram
a pista ativamente.
Primeira pista sabida que os
EUA receberam sobre um dos seqüestradores, a informação agora
tornou-se um elemento importante da investigação conduzida
por uma comissão independente
sobre os acontecimentos do 11 de
Setembro. Ela é vista como especialmente significativa porque
pode ter representado uma oportunidade perdida para as autoridades americanas penetrarem na
célula terrorista na Alemanha que
esteve no cerne da ação. E ela surgiu mais ou menos 16 meses antes
de o seqüestrador matricular-se
em escolas de vôo nos EUA.
Em março de 1999, agentes de
inteligência alemães entregaram à
CIA (agência de inteligência dos
EUA) o primeiro nome e o telefone de Marwan al Shehhi e pediram aos americanos que o rastreassem. O nome e o telefone nos
Emirados Árabes Unidos tinham
sido obtidos pelo grampeamento
do telefone de Mohamed Heidar
Zammar, um extremista islâmico
de Hamburgo que teve ligação estreita com os principais planejadores dos ataques contra o World
Trade Center e o Pentágono, disseram representantes alemães.
Depois que os alemães passaram a informação à CIA, nunca
mais ouviram qualquer coisa dos
americanos sobre o assunto até
depois de 11 de setembro de 2001,
disse um alto oficial da inteligência alemã. Depois de receber a pista, a CIA decidiu que Marwan deveria ter ligações com o chefe da
Al Qaeda, Osama bin Laden, mas
nunca chegou a localizá-lo, disseram autoridades americanas.
A informação relativa a Shehhi,
o homem que assumiu os controles do avião do vôo 175 da United
Airlines, que se chocou contra a
torre sul do World Trade Center,
chegou meses antes de outras pistas bem documentadas sobre outros seqüestradores.
Philip Zelikow, diretor-executivo da comissão independente
criada nos EUA para investigar os
ataques terroristas, disse que a comissão foi informada da pista de
1999 sobre Shehhi e está investigando a questão. Agentes de inteligência americanos e outros envolvidos dizem não saber ao certo
se o telefone de Shehhi chegou a
ser monitorado.
Um agente americano comentou: "Os alemães nos deram o nome "Marwan" e um número de telefone, mas não descobrimos nada. Era um telefone nos Emirados
Árabes Unidos, que não constava
da lista telefônica".
O incidente é especialmente importante porque Shehhi era
membro essencial da célula da Al
Qaeda de Hamburgo, que esteve
no centro da conspiração para o
11 de Setembro. Se Shehhi tivesse
sido vigiado de perto em 1999, poderia ter conduzido os investigadores a outros líderes da conspiração, como Mohammed Atta,
colega de quarto de Shehhi. Natural dos Emirados Árabes, Shehhi
mudou-se para a Alemanha em
1996, onde foi companheiro quase inseparável de Atta. Autoridades americanas e européias crêem
que Shehhi tenha desempenhado
papel crítico na conspiração.
"A célula de Hamburgo é muito
importante" para a investigação
dos ataques, disse Zelikow. Indagado se as autoridades de inteligência americanas deram atenção
suficiente às informações sobre
Shehhi, respondeu: "Ainda não
concluímos nada sobre isso".
Desde o 11 de Setembro, a CIA,
o FBI e outros órgãos do governo
americano vêm sendo fortemente
criticados por não terem juntado
as informações fragmentárias que
recebiam de várias fontes, de modo a prever ou a prevenir a conspiração terrorista. O inquérito
parlamentar conjunto sobre os
ataques concluiu em 2002 que as
autoridades americanas "deixaram passar oportunidades de
obstruir a conspiração, detendo
os candidatos a seqüestradores ou
impedindo-os de entrar no país;
ou, pelo menos, de elucidar a
conspiração com a ajuda de vigilância e trabalho investigativo nos
EUA e, finalmente, de gerar um
estado de alerta intensificado, fortalecendo as defesas nacionais".
Até agora, o fracasso mais largamente analisado diz respeito ao
tratamento dado pela CIA a uma
reunião de extremistas que teve
lugar na Malásia, em janeiro de
2000, envolvendo dois dos homens que iriam tornar-se seqüestradores, Khalid al Midhar e Nawaq Alhazmi. Embora a CIA tenha identificado os dois como
suspeitos extremistas, apenas em
agosto de 2001 ela pediu que seus
nomes fossem incluídos nas listas
de suspeitos do governo, cuja entrada no país não deveria ser permitida. Naquele momento, ambos já estavam nos EUA.
Além disso, o dono da casa onde os dois moraram, em San Diego, era informante do FBI, mas ele
nada falou dos terroristas.
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