São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

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Guantánamo define seu 1º julgamento

DA REDAÇÃO

O Departamento da Defesa dos EUA indiciou ontem dois dos presos em Guantánamo de conspiração para cometer crimes de guerra e confirmou que eles serão julgados por um tribunal militar. São os primeiros detidos na base americana em Cuba a receber acusações formais e serão os primeiros a ir a julgamento.
O iemenita Ali Hamza Ahmed Sulayman al Bahlul e o sudanês Ibrahim Ahmed Mahmoud al Qosi, supostos aliados do terrorista saudita Osama bin Laden, estão presos em Guantánamo há dois anos -há mais de 600 pessoas no local, a maioria em total isolamento e sem direito a advogado.
O Pentágono confirmou que o tribunal militar -o primeiro dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial- será montado na própria base, em data a ser definida.
Criticado por grupos de defesa dos direitos humanos pela falta de status legal dos detidos, o Pentágono promete julgamentos "completos e justos". Al Bahlul e Al Qosi terão direito a advogado apontado pelo Pentágono.
"Os tribunais militares estão muito aquém dos padrões de julgamentos justos, não condizem com os valores americanos de Justiça e violam as leis internacionais", argumentou William Schulz, diretor-executivo da Anistia Internacional nos EUA.
Segundo o major John Smith, porta-voz do Departamento da Defesa, os promotores não planejam pedir a pena de morte para os acusados. Smith disse que a decisão de indiciar esses dois homens não significa que eles sejam os detidos mais perigosos de Guantánamo. "São só os casos prontos para julgamento agora."
Em nota, o Pentágono descreveu Al Qosi como contador e traficante da armas da Al Qaeda, "aliado de Bin Laden desde a época em que este viveu no Sudão".
Al Bahlul é identificado como membro-chave da Al Qaeda, "que produzia vídeos glorificando o assassinato de americanos para recrutar e motivar" outros integrantes do grupo. Os dois teriam sido guarda-costas de Bin Laden.

"Ameaça islâmica"
Ainda ontem, em seu pronunciamento anual ao Comitê de Inteligência do Senado americano, o diretor-geral da CIA, George Tenet, afirmou que os grupos extremistas islâmicos representam a maior ameaça atual aos EUA.
"O sólido crescimento do sentimento anti-EUA de Osama bin Laden entre o movimento extremista sunita e a intensa disseminação do know-how destrutivo da Al Qaeda certificam a permanência de uma séria ameaça no futuro próximo -com ou sem a Al Qaeda no cenário", declarou.
Já o diretor do FBI, Robert Mueller, disse ao comitê que a Olimpíada de Atenas e as convenções nacionais dos partidos Republicano e Democrata são os eventos que trazem mais preocupação à polícia federal dos EUA.


Com agências internacionais

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