São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

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Ditador diz que Al Qaeda lidera revolta e promove mais ataques

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Acossado por forças rebeldes que dominam boa parte da Líbia, o ditador Muammar Gaddafi recorreu ontem a seu maior trunfo na tentativa de reaver controle sobre o país: ameaçou cortar a produção e o fornecimento de petróleo.
"Se os cidadãos não retornarem ao trabalho, o fornecimento de petróleo será cortado", disse Gaddafi no terceiro discurso nesta semana.
A Líbia detém a décima maior reserva comprovada de petróleo do mundo e é o 11º maior exportador, responsável por 1,5% do comércio mundial da commodity.
O recrudescimento dos protestos antirregime no país já fez o preço do barril tipo Brent subir mais de 10% desde a semana passada, chegando ontem aos US$ 111, valor mais alto desde 2008.
Segundo a petrolífera italiana Eni, desde 1959 no país, 75% da produção líbia já foi paralisada em decorrência dos confrontos entre opositores e forças de segurança.
Rebeldes, que controlam todo o leste do país e parte das poços de petróleo, também prometem interromper a produção para tentar enfraquecer ainda mais Gaddafi, entrincheirado em Trípoli.
A Arábia Saudita, no entanto, já prometeu compensar a diminuição no fornecimento do produto líbio acionando capacidade ociosa da sua indústria de extração.
O país, cuja possibilidade de ser o próximo alvo das revolta no mundo árabe motiva grandes temores, possui a maior reserva de petróleo do mundo e é o segundo produtor -o primeiro é a Rússia.
O maior comprador do petróleo líbio é a Itália -32%-, seguida por Alemanha, França e China, Espanha e EUA.
O Brasil responde por somente 3% das exportações do país -o que representou, em 2010, US$ 81 milhões, parcela ínfima das importações brasileiras de petróleo.

AL QAEDA
Numa segunda frente de reação aos opositores, Gaddafi atribuiu os protestos ao líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, e disse que os rebeldes são jovens sob efeito de drogas alucinógenas fornecidas pela rede terrorista.
"Que vergonha, povo de Zawiya! Controlem as suas crianças", afirmou, em referência a uma cidade localizada a apenas 50 km da capital e tomada pela oposição que foi palco ontem de conflito de grupos pró e antirregime.
Na cidade, a oeste de Trípoli -região controlada pela oposição até a divisa com a Tunísia-, uma mesquita foi atacada com opositores dentro, deixando até 20 mortos.
Militares ainda leais a Gaddafi e mercenários atacaram também Misratah, terceira cidade do país e tomada pela oposição desde a véspera.
Membros do governo da Líbia disseram em conversas com funcionários dos EUA que passarão a tratar jornalistas estrangeiros que estiverem no país sem autorização como terroristas da rede.


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