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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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DIPLOMACIA

EUA acusam três empresas russas de fornecer armamentos ilegais e técnicos ao Iraque

Rússia nega venda de armas a Bagdá

DA REDAÇÃO

A Rússia negou ontem acusações dos EUA de que empresas russas venderam equipamentos militares ao Iraque ilicitamente.
Washington acusa companhias russas de enviar mísseis guiados antitanques, equipamentos de visão noturna e dispositivos para causar interferência eletrônica em equipamentos GPS (sistema de posicionamento global) ao Iraque, violando sanções da ONU.
Os EUA crêem ainda que as companhias tenham técnicos em Bagdá ajudando iraquianos a operar sistemas de interferência eletrônica, afirmou um funcionário do governo americano.
O presidente dos EUA, George W. Bush, falou sobre o assunto em um telefonema ao presidente russo, Vladimir Putin, ontem, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
"Não enviamos nenhum bem, incluindo militar, que viole as sanções", disse o chanceler russo, Igor Ivanov. Segundo ele, os EUA pedem relatórios sobre as supostas vendas ilegais desde outubro, e a Rússia enviou o relatório mais recente no dia 18. "Nenhum fato que fundamente a ansiedade americana foi encontrado."
Mas, em Washington, Fleischer disse: "Os EUA têm provas críveis de que companhias russas forneceram assistência e equipamentos proibidos ao regime iraquiano". Ele afirmou que relatórios de inteligência indicam que há cooperação entre uma empresa russa que fabrica equipamentos de interferência e militares iraquianos.
Segundo um funcionário do governo dos EUA, que não quis se identificar, a cooperação incluiria a presença de técnicos em Bagdá auxiliando militares a operar os sistemas de interferência.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que discutiu o assunto com Ivanov, afirmou que o equipamento em questão é "o tipo de equipamento que colocaria nossos homens e mulheres em perigo, que daria vantagem ao inimigo". Em entrevista ao canal de TV Fox News, ele afirmou que os EUA estão preocupados há meses e que, nas 48 horas anteriores, receberam informações que causam ainda mais preocupação.
Segundo Ivanov, se houvesse qualquer indício de que companhias russas estivessem enviando bens proibidos ao Iraque, o caso seria investigado como uma grave violação da lei russa.
Os EUA tentam há anos evitar que a Rússia compartilhe sua tecnologia bélica, especialmente com o Irã, país para o qual autoridades americanas afirmam que Moscou vendeu tecnologia para fabricar mísseis. As pressões de Washington são particularmente fortes quanto à venda de armamentos por empresas privadas.
De acordo com analistas russos, a decisão dos EUA de levar a público essas "preocupações" agora pode ser uma forma de pressionar a Rússia a relaxar sua posição de firme oposição à guerra ao Iraque.
Ontem, o vice-chanceler russo, Yuri Fedotov, disse que o Conselho de Segurança da ONU deveria se reunir para obrigar os EUA e o Reino Unido a lidarem sozinhos com as "consequências humanitárias de suas ações" militares. Ele afirmou ainda que Moscou deve se opor a esforços de reestruturar o programa da ONU de "petróleo por comida", do qual muitas empresas russas participam.
O jornal "The Washington Post" afirmou anteontem que três empresas russas estavam envolvidas nas vendas. O diário identificou duas delas como a KBP Tula e a Aviaconversiya e afirmou que a KBP forneceu mísseis guiados antitanques e a Aviaconversiya, equipamentos de interferência.
Ambas as empresas, assim como a agência de exportações de armas da Rússia, a Rosoboronexport, negaram as acusações.


Com agências internacionais


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