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Al Jazeera diz que usou
liberdade de expressão
DE WASHINGTON
A TV árabe Al Jazeera, baseada
no Qatar, foi posta contra a parede anteontem à noite nos EUA
por ter veiculado imagens de soldados norte-americanos mantidos como prisioneiros e sob interrogatório de militares iraquianos.
As imagens originais eram da
TV iraquiana e foram retransmitidas pela Al Jazeera em todo o
mundo, inclusive para os assinantes da emissora nos EUA.
Depois de terem atendido pedido do secretário de Defesa dos
EUA, Donald Rumsfeld, para que
não reproduzissem as imagens, as
principais redes de TV dos EUA
entrevistaram à noite dirigentes
da Al Jazeera.
Na CNN, especialmente, o tom
das perguntas foi fortemente crítico e agressivo.
Leia entrevista concedida à Folha por Emad Musa, chefe de produção da Al Jazeera em Washington, onde comanda uma equipe
de 20 pessoas:
(FCz)
Folha - Como o sr. analisa a reação da mídia americana contra a
sua emissora?
Emad Musa - Infelizmente, é
mais um sintoma de como eles
trabalham, na dependência de informações oficiais. Logo depois
de terem ouvido o secretário
Rumsfeld condenar as imagens
dos prisioneiros da TV iraquiana,
que nós retransmitimos, eles imediatamente pularam sobre nós
sem pensar um minuto em não
adotar a linha oficial ou em considerar que tratava-se somente de
liberdade de expressão.
Nós não somos um canal de TV
aberta. As pessoas que nos assistem pagam US$ 22,00 ao mês para
poder ver o material que produzimos. Logo, eles querem ver tudo o
que temos para mostrar.
Folha - Vocês foram pressionados
por alguma autoridade?
Musa - Fomos indiretamente
pressionados, como todos os outros canais. Mas mostramos as
imagens nos Estados Unidos também, onde temos 140 mil assinantes. Não temos transmissões diferenciadas para o mundo árabe e
para os EUA. Mesmo que tivéssemos, mostraríamos as imagens
dos prisioneiros aqui. Não acho
que as coisas possam ser resolvidas com pressões deste tipo.
Folha - E a suposta violação da
Convenção de Genebra?
Musa - Nossa rede tem seis anos
e meio e crescemos quebrando tabus. Se as informações forem importantes, vamos transmitir. Não
nos envolvemos em política. Não
podemos escolher a quem a notícia vai beneficiar. Temos 45 milhões de pessoas que nos assistem
e que dependem de nós. Se não
apresentássemos essas imagens,
iriam buscá-las em outro lugar.
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