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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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Al Jazeera diz que usou liberdade de expressão

DE WASHINGTON

A TV árabe Al Jazeera, baseada no Qatar, foi posta contra a parede anteontem à noite nos EUA por ter veiculado imagens de soldados norte-americanos mantidos como prisioneiros e sob interrogatório de militares iraquianos.
As imagens originais eram da TV iraquiana e foram retransmitidas pela Al Jazeera em todo o mundo, inclusive para os assinantes da emissora nos EUA.
Depois de terem atendido pedido do secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, para que não reproduzissem as imagens, as principais redes de TV dos EUA entrevistaram à noite dirigentes da Al Jazeera.
Na CNN, especialmente, o tom das perguntas foi fortemente crítico e agressivo.
Leia entrevista concedida à Folha por Emad Musa, chefe de produção da Al Jazeera em Washington, onde comanda uma equipe de 20 pessoas: (FCz)
 

Folha - Como o sr. analisa a reação da mídia americana contra a sua emissora?
Emad Musa
- Infelizmente, é mais um sintoma de como eles trabalham, na dependência de informações oficiais. Logo depois de terem ouvido o secretário Rumsfeld condenar as imagens dos prisioneiros da TV iraquiana, que nós retransmitimos, eles imediatamente pularam sobre nós sem pensar um minuto em não adotar a linha oficial ou em considerar que tratava-se somente de liberdade de expressão.
Nós não somos um canal de TV aberta. As pessoas que nos assistem pagam US$ 22,00 ao mês para poder ver o material que produzimos. Logo, eles querem ver tudo o que temos para mostrar.

Folha - Vocês foram pressionados por alguma autoridade?
Musa
- Fomos indiretamente pressionados, como todos os outros canais. Mas mostramos as imagens nos Estados Unidos também, onde temos 140 mil assinantes. Não temos transmissões diferenciadas para o mundo árabe e para os EUA. Mesmo que tivéssemos, mostraríamos as imagens dos prisioneiros aqui. Não acho que as coisas possam ser resolvidas com pressões deste tipo.

Folha - E a suposta violação da Convenção de Genebra?
Musa
- Nossa rede tem seis anos e meio e crescemos quebrando tabus. Se as informações forem importantes, vamos transmitir. Não nos envolvemos em política. Não podemos escolher a quem a notícia vai beneficiar. Temos 45 milhões de pessoas que nos assistem e que dependem de nós. Se não apresentássemos essas imagens, iriam buscá-las em outro lugar.


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