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Novo premiê paquistanês liberta chefe do Supremo
Chaudhry foi posto em prisão domiciliar ao vetar há 5 meses reeleição do ditador
Yousaf Raza Gilani chefia
o governo por indicação
do partido de Benazir Bhutto, morta em atentado
terrorista em dezembro
Associated Press
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Yousaf Raza Gilani, indicado novo premiê paquistanês, discursa no Parlamento, em Islamabad |
DA REDAÇÃO
Tão logo recebeu ontem do
Parlamento paquistanês o
mandato de primeiro-ministro,
Yousaf Raza Gilani entrou em
confronto com o ditador Pervez Musharraf ao determinar
que fossem soltos juízes da
Corte Suprema e mais 60 magistrados, em prisão domiciliar
desde o início de novembro.
Musharraf dera na época um
golpe no Judiciário, que se preparava para declarar ilegal seu
plano de reeleição.
Iftikhar Mohammed
Chaudhry, presidente da Corte
Suprema, foi libertado minutos
depois da investidura de Gilani,
que nos anos 90 foi presidente
do Parlamento, passou cinco
anos na prisão e permaneceu
um forte aliado da ex-premiê
Benazir Bhutto, morta em
atentado em dezembro.
Chaudhry é um antigo desafeto político do ditador. Ele
chegou a ser afastado da chefia
da mais alta Corte paquistanesa por "conduta irregular". Mas
uma decisão de seus pares o reconduziu ao cargo, fortalecido,
em julho do ano passado.
A casa de Chaudhry foi cercada por simpatizantes, e ele, que
não se mostrava em público havia quase cinco meses, saiu à sacada e saudou a multidão.
"Não tenho como agradecer
pelo esforço de vocês todos para que voltemos ao domínio da
lei e da Constituição", afirmou.
A segunda maior autoridade
policial da capital, Islamabad,
declarou, segundo a agência de
notícias estatal, que todos os
juízes estavam a partir daquele
momento libertados. O advogado de Chaudhry, Aitzaz Ahsan,
confirmou que "os prisioneiros
já estão em liberdade".
A libertação de Chaudhry é
até agora a mais importante
prova de que o poder no Paquistão deixou as mãos de Musharraf, um aliado dos Estados
Unidos por encabeçar um país
fundamental na chamada guerra ao terrorismo. A Al Qaeda e o
Taleban atuam na fronteira do
Paquistão com o Afeganistão.
Segundo o "Financial Times", diplomatas ocidentais
em Islamabad acreditam que a
libertação do presidente da
Corte Suprema tende a reacender os protestos contra Musharraf por parte de advogados e
integrantes do Judiciário, a
exemplo do amplo movimento
do ano passado que praticamente paralisou os tribunais.
Os juízes destituídos deverão
ser reintegrados em seus cargos em 30 dias. O prazo foi fixado pelo PPP (Partido do Povo
Paquistanês), do novo premiê,
e pelo partido islâmico de oposição a Musharraf, liderado pelo ex-premiê Nawaz Sharif, a
quem o ditador depôs em 1999.
Sharif, desde as eleições gerais
de fevereiro, tem a segunda
maior bancada no Parlamento.
Pressão pela demissão
Segundo a Associated Press,
a reintegração dos magistrados
gerará inevitável tensão política, a partir da qual não estaria
excluída a demissão do ditador.
Gilani deverá formar um governo com adversários de Musharraf. Uma das primeiras iniciativas do novo premiê será a
de pedir para que as Nações
Unidas enviem ao Paquistão
uma comissão para investigar o
atentado que matou Benazir
em dezembro. Musharraf rejeitava a participação da ONU.
"A democracia ressuscitou
graças ao sacrifício de Benazir
Bhutto", disse Gilani, pouco depois de investido por 264 deputados, e com a oposição de apenas 42. "Não chegamos até aqui
por uma questão de benevolência, mas porque lutamos e temos mártires entre nós", disse.
Ainda ontem Gilani pediu
que os deputados aprovassem
resolução de condenação ao
"assassinato judicial" de Zulfikar Ali Bhutto, pai de Benazir,
deposto em 1977 pelos militares e enforcado dois anos depois, depois de controvertido
julgamento em que o acusaram
de homicídio.
Hoje será cumprida uma formalidade constrangedora para
o ditador, já que ele precisará
receber Gilani e confirmá-lo
como premiê.
Com agências internacionais
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