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Prisão de juiz se voltou contra Musharraf
DA REPORTAGEM LOCAL
Os magistrados cuja libertação foi ontem determinada
pelo novo premiê paquistanês foram vítimas de um ato
de violência jurídica do qual
o ditador Pervez Musharraf,
65, lançou mão para permanecer no poder.
Chefe do Estado-Maior do
Exército, ele se apoderou do
governo em outubro de 1999,
colocando em recesso o Parlamento e proclamando-se
presidente em 2001.
Mesmo objeto de ampla
contestação, Musharraf se
reelegeu em outubro de
1997. Mas a Corte Suprema
foi consultada sobre a legalidade de seu mandato -ele
deveria se desincompatibilizar por dois anos, antes de
disputar uma eleição- e sobre a possibilidade de acumulá-lo com o posto de chefe
militar. Mesmo intimidados
por duas suspensões da
Constituição, os juízes tendiam em novembro a vetar o
projeto continuísta.
Foi por isso que três dias
antes da decisão, em 3 de novembro, Musharraf determinou a prisão dos juízes, entre
eles Iftikhar Mohammed
Chaudhry, presidente da
Corte Suprema, e determinou a paralela prisão de políticos da oposição e de responsáveis por entidades de direitos humanos.
As coisas evoluíram rapidamente. A líder oposicionista Benazir Bhutto voltou
do exílio e foi assassinada em
ato terrorista. Ela liderava o
Partido do Povo Paquistanês, majoritário nas eleições
de fevereiro e que no sábado
indicou como premiê Yousaf
Raza Gilani, que determinou
a soltura dos juízes arbitrariamente presos.
(JOÃO BATISTA NATALI)
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