São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Atentado a bomba deixa ao menos nove mortos na Colômbia

Suspeitas incidem sobre as Farc e narcotraficantes; ataque ocorre às vésperas de libertação de reféns

DA REDAÇÃO

Ao menos nove pessoas morreram e cerca de 40 ficaram feridas ontem na explosão de um carro-bomba na cidade de Buenaventura, na Colômbia, em um atentado sob suspeita de execução por guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ou por traficantes de drogas.
O ataque ocorreu por volta das 9h30 (7h30 no horário de Brasília). Segundo as investigações iniciais, um veículo com 40 quilos de explosivos foi ativado durante a passagem de um carro de polícia, nas imediações das sedes do Ministério Público e da prefeitura locais. Entre os mortos identificados havia um policial, um vigilante particular e uma vendedora.
O chefe das Forças Armadas da Colômbia, general Freddy Padilla, e o governador local, Juan Carlos Abadía, atribuíram o atentado às esquerdistas Farc, a principal guerrilha da Colômbia. Segundo eles, o objetivo é desestabilizar o processo eleitoral para a escolha do sucessor do presidente Álvaro Uribe -o primeiro turno será em 20 de maio.
"Esses bandidos precisam praticar atos terroristas que causem distração, pretendem gerar um ambiente de medo porque Buenaventura é o principal porto do país", disse o governador Juan Carlos Abadía.
Já o Ministério Público levantou outras duas hipóteses para o ataque: disputa entre traficantes rivais ou reação do tráfico a episódios recentes de repressão à atividade pela Promotoria e pela polícia. "Pelo lugar do atentado [perto da Promotoria e da prefeitura], dá a impressão de ser retaliação", disse o procurador-geral da República, Guillermo Diago.
A Defensoria Pública colombiana alertara recentemente sobre possíveis ataques em Buenaventura, localizada 550 km a oeste de Bogotá.
Alvo de uma série de atentados desde 2005, a região é visada por guerrilheiros, paramilitares e narcotraficantes por sua posição privilegiada no oceano Pacífico, como rota estratégica para envio de drogas ao México e aos EUA. Na última segunda-feira, as Farc incendiaram sete caminhões na estrada que liga a cidade ao centro do país.
Após o atentado, o candidato governista à Presidência, Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa que lidera as pesquisas, defendeu a política de segurança que é o carro-chefe de Uribe, ao dizer que a "cobra continua viva e é preciso matá-la", em referência à guerrilha. O governo ofereceu R$ 280 mil por informações que levem à captura dos responsáveis pelo ataque.

Liberação de reféns
O atentado de ontem ocorreu em meio à expectativa pela liberação, no próximo final de semana, de dois militares sequestrados pelas Farc, além do corpo de um major morto em cativeiro em 2006.
A eventual confirmação da participação das Farc no ataque pode complicar a possibilidade de acordo de troca de sequestrados por guerrilheiros presos, o que o grupo deve buscar após a liberação unilateral dos militares.
Como em ação semelhante no ano passado, helicópteros e militares do Brasil vão participar da libertação. Ontem, a senadora Piedad Córdoba e o alto comissário da Colômbia para a Paz, Frank Pearl, que participam das negociações, anunciaram que as Farc deram sinal verde para a operação.


Com agências internacionais


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