São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 2011

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Radiação queima dois operários em usina nuclear

Ferimentos ocorreram quando eles caminharam em água radioativa

Foi o caso mais grave de exposição à radiação desde o início da crise nuclear; vítimas podem desenvolver tumores

Jun Yasukawa/Associated Press
Médicos em trajes especiais chegam a hospital de Fukushima trazendo dois trabalhadores feridos por queimaduras

DE SÃO PAULO

Dois trabalhadores da usina nuclear de Fukushima 1 foram hospitalizados ontem após sofrerem queimaduras nas pernas por radiação.
Eles foram expostos aos maiores níveis de radioatividade desde o início da crise atômica no Japão, provocada pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março. Ontem, o número oficial de mortos na tragédia passou de 9.800.
Os dois homens, um de aproximadamente 30 anos e o outro de cerca de 20, trabalhavam num porão sob o reator nuclear 3. Eles sofreram as queimaduras ao pisar em água contaminada por radiação, disse o porta-voz do governo japonês, Yukio Edano.
Ao todo, três trabalhadores instalavam cabos em uma sala inundada. Eles pisaram em uma lâmina de água radioativa de 15 centímetros de altura por cerca de 50 minutos, segundo a rede de TV americana CNN.
Dois deles usavam botas curtas e tiveram contato direto da água com a pele.
Segundo Fumio Matsuda, porta-voz da Agência de Segurança Nuclear e Industrial, eles apresentavam níveis de radiação entre 170 a 180 milissieverts (unidade que mede a absorção da radioatividade por seres humanos).
Foi o maior índice de radiação apresentado por trabalhadores de Fukushima até então, porém ainda inferior à dosagem máxima tolerada pelo governo em trabalhadores da usina, que é de 250 milissieverts por ano.
A Tepco (Tokyo Electric Power Co.), que administra a usina, afirmou que eles possivelmente sofreram queimaduras por radiação do tipo beta (veja quadro abaixo).
"Se foi uma radiação alta a ponto de queimar a pele, é porque ela penetrou mais profundamente e existe o risco de [contraírem] câncer no futuro", diz Celso Dario Ramos, diretor do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas da Unicamp.
Os trabalhadores seriam tratados no Instituto Nacional de Ciências Radiológicas e devem ficar internados por pelo menos quatro dias.


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