São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 2011 |
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"Precisamos entender melhor o acidente no Japão", diz cientista Especialista diz que projeto de Fukushima era tido como seguro SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULO Ainda é cedo para afirmar que a produção de energia nuclear esteja na berlinda. Para Anthony Pietrangelo, vice-presidente do NEI (Instituto de Energia Nuclear dos EUA, na sigla em inglês), o acidente nas usinas atômicas de Fukushima (nordeste do Japão) foi causado, sobretudo, por "uma força extraordinária da natureza". Mesmo assim, para o especialista, que trabalha há 30 anos com energia nuclear, o mundo todo deve tirar lições do acidente para melhorar a segurança das usinas. "Quando entendermos o que rodeia o acidente no Japão, vamos trabalhar para que a produção de energia nuclear seja mais segura", declarou Pietrangelo, em entrevista à Folha. Folha - A usina de Fukushima estava preparada para terremotos, mas não aguentou um tsunami. Isso foi uma falha de projeto? Anthony Pietrangelo - O acidente de Fukushima foi causado, em parte, por uma força extraordinária da natureza, que certamente estava fora dos parâmetros da planta da usina. Mas o acidente foi grave e pode mudar o que se pensa sobre energia nuclear... Até conseguirmos entender exatamente o que aconteceu em Fukushima e suas reais consequências, é difícil especular sobre o impacto do acidente na produção de energia nuclear - e, no meu caso, sobre o programa nuclear dos EUA. A indústria nuclear norte-americana, a Comissão Nuclear Regulatória dos EUA, o Instituto de Energia Nuclear e outras organizações norte-americanas e de todo o mundo irão produzir relatórios sobre o acidente, identificar lições a serem aprendidas [em termos da planta de operações da usina, por exemplo] e irão incorporar essas lições nas operações das usinas nucleares. Quando entendermos completamente os fatos que rodeiam o acidente no Japão, vamos trabalhar para que a produção de energia nuclear seja ainda mais segura. O armazenamento de combustíveis usados no mesmo prédio do reator [dentro da mesma estrutura], como acontece nos reatores de Fukushima, é seguro? A usina de Fukushima tem um projeto seguro, incluindo o armazenamento de combustíveis usados. Mas esse projeto recebeu críticas. O governo japonês também tem sido acusado de não ser transparente na divulgação de informações sobre o acidente em Fukushima... Não temos como opinar sobre isso. Estamos preocupados com o que está acontecendo no Japão e oferecemos recursos e especialistas da nossa indústria, tanto para ajuda técnica quanto humanitária, para que a segurança na usina seja retomada. Temos especialistas para lidar com esse tipo de acidente inédito no mundo? Reatores nucleares dos EUA são projetados para resistir a sismos iguais aos do Japão [9,0 na escala Richter] ou mesmo a fenômenos mais significativos, como terremotos e tsunamis associados. Isso sem nenhuma violação dos sistemas de segurança -e nem na piscina [que resfria o combustível]. Mas as lições aprendidas com Fukushima devem ser revistas cuidadosamente, para verificarmos se alguma delas se aplica às centrais nucleares dos EUA. Texto Anterior: Contaminação da água diminui em Tóquio Próximo Texto: Espanhóis temem sofrer contágio da crise portuguesa Índice | Comunicar Erros |
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