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IMPASSE
Presidente anuncia prisão de Oviedo, mas ex-golpista, em quartel da Guarda Presidencial, nega que esteja preso
Paraguai inicia impeachment de Cubas
das agências internacionais
Um dia depois do atentado que
matou o vice-presidente do Paraguai, Luis María Argaña, o Congresso paraguaio deu início ao
processo de impeachment do presidente Raúl Cubas Grau.
Numa aparente tentativa de impedir a abertura do processo, o
presidente anunciou, na tarde de
ontem, a prisão do general Lino
César Oviedo, homem forte do governo e pivô da crise no país.
Em entrevista no palácio, Cubas
disse que queria "evitar o aprofundamento da crise".
"Consciente de minhas responsabilidades como presidente da
República e comandante das Forças Armadas, tomei uma decisão
que espero ser útil para recuperar a
paz e a nossa convivência política",
afirmou o presidente.
Na entrevista, Cubas acusou seus
adversários -nos partidos de
oposição e dentro de seu próprio
partido, o Colorado- de "não respeitarem sequer o luto do país".
Logo depois da entrevista de Cubas, no entanto, o general Oviedo
apareceu pessoalmente no portão
de entrada do quartel da Guarda
Presidencial, onde deveria estar
preso, e negou estar detido.
"Vim por minha própria decisão.
Não estou preso", disse.
Cubas e seu mentor político,
Oviedo, foram responsabilizados
anteontem pelo atentado contra
Argaña, numa moção aprovada
pela maioria dos parlamentares.
Ontem de manhã, enquanto o
corpo do político assassinado era
velado no Congresso Nacional, a
Câmara dos Deputados decidiu
apresentar uma acusação contra
Cubas ao Senado.
Com 73 dos 80 deputados em
plenário, a acusação foi aprovada
por 59 votos a favor e 24 contrários.
Cubas é acusado de "mau desempenho de suas funções" por ter
desobedecido uma ordem de prisão contra Oviedo, ditada pela
Corte Suprema de Justiça do Paraguai, máxima instância judicial.
Em seguida, foi a vez de o Senado
se reunir e iniciar formalmente o
processo de impeachment. Com
45 membros, serão necessários os
votos de dois terços dos presentes
para destituir Cubas.
A divulgação da notícia da prisão
não impediu que os senadores
marcassem para hoje de manhã a
apresentação da defesa de Cubas.
Oviedo foi condenado a dez anos
de prisão por uma tentativa de golpe militar, em 96.
Mas quando Cubas chegou ao
poder, em agosto passado, com
apoio de Oviedo (impedido de
concorrer à Presidência porque estava preso), ele libertou o aliado.
Todos os principais personagens
da crise -Argaña (morto), Cubas
e Oviedo- são do Partido Colorado, no poder desde 1947.
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