KIM SENGUPTA
do "The Independent"

Detido em Londres desde outubro, o ex-ditador chileno Augusto Pinochet se manteve ocupado planejando sua defesa na Justiça, ao lado de amigos e defensores.
O general gosta de presidir as reuniões pessoalmente e discutir planos para qualquer contingência. Entre os britânicos que lhe têm oferecido solidariedade e conselhos figuram vários seguidores da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, como o ex-ministro do Exterior lorde Lamont de Lerwick.
A vida na casa em Wentworth, subúrbio de Londres, alugada pelo governo chileno por US$ 16 mil mensais, segue uma rotina.
O general costuma acordar cedo. Depois de um café da manhã simples, gosta de caminhar pelo jardim, apoiado em sua bengala. Antes de seu passeio, a área é vasculhada por cães. A caminhada é vigiada por policiais armados.
A seguir, lê vários jornais, acompanhando com atenção tudo o que é publicado a seu respeito. Depois, procura mais notícias na Internet.
A organização de sua defesa ocupa a maior parte do dia de Pinochet, que acompanha os acontecimentos no Chile, mantendo contato com a Fundação Pinochet, que levanta fundos para sua defesa.
Pinochet recebe constantes visitas. Em alguns momentos, irrita-se com pessoas demais na casa, que não é muito grande. Sua mulher, Luisa, cuida para que as visitas não se prolonguem demais e organiza tarefas domésticas. As compras são feitas pelos seguranças, num supermercado do bairro.
O prato favorito do casal é o "pastel de choclo", feito com milho verde e recheado com carne e frango. Às visitas é oferecido o vinho chileno Capitán General, produzido por um admirador de Pinochet. O dinheiro da venda do vinho no Chile é depositado no fundo de defesa do general. Ele é abstêmio.
Muitas vezes tudo isso é acompanhado pelo som dos tambores e pandeiros de manifestantes anti-Pinochet, reunidos em frente à casa. Às vezes ocorrem manifestações a favor do general. Quando isso acontece, sua mulher incentiva os manifestantes com megafone.