São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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AMÉRICA DO SUL

Deputado próximo da candidata reconhece que "é muito improvável" evitar segundo turno entre García e Humala

Equipe de Flores admite derrota no Peru

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Quinze dias depois da eleição presidencial peruana, um porta-voz da campanha de Lourdes Flores finalmente admitiu ontem a derrota para o ex-presidente de centro-esquerda Alan García, 56, virtual adversário do nacionalista Ollanta Humala. A data mais provável para a realização do segundo turno é o dia 28 de maio.
"É praticamente impossível, muito improvável que possamos reverter isso. E, ainda que o resultado final só possa ser dado pelo organismo eleitoral, acredito que não haja por que prolongar a agonia", disse à Folha o deputado Rafael Rey Rey, um dos colaboradores mais próximos de Flores.
Apurados 98,1% dos votos até o fechamento desta edição, García mantinha uma vantagem de 81.080 votos sobre a candidata da Unidade Nacional. Em porcentagem, ele possuía 24,3%, contra 23,6% de Flores. O candidato nacionalista seguia em primeiro lugar, com 30,7%. A expectativa é que o resultado oficial saia hoje.
Confirmado o segundo turno entre Humala e García, os peruanos terão de escolher entre um tenente-coronel aposentado aliado do venezuelano Hugo Chávez que liderou um levante militar, em 2000, e um ex-presidente que, de 1985 e 1990, levou o país a um espiral de desabastecimento, recessão e violência fora de controle causada pelo Sendero Luminoso.
Apesar das declarações de Rey, Flores não havia admitido oficialmente a derrota até ontem à tarde. No final de semana, a direitista havia dito que esperaria "até o último voto". Para o deputado, a Unidade Nacional ainda não decidiu se apoiará García, mas rejeitou uma aliança com Humala.
"Vou votar em García, mas não me parece lógico uma aliança com o Apra", disse Rey, referindo-se ao partido do ex-presidente. "O pior que pode acontecer neste momento é que Humala venda a imagem de que os políticos se unem contra ele. Tem de ser como uma marinera [dança peruana], em que se dança separado."
Com o lugar assegurado no segundo turno há duas semanas, Humala fez nos últimos dois dias uma tumultuada visita ao norte do Peru, principal reduto de García. Durante a visita à região de Trujillo ontem, foi atingido com frutas e cerveja, atiradas por militantes apristas, que seguravam fotos e cartazes do ex-presidente.
"Ninguém me dirá aonde vou e aonde não vou", disse Humala, após o incidente. "Isso aqui já estava preparado. Que vergonha, senhor García."


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