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AMÉRICA DO SUL
Deputado próximo da candidata reconhece que "é muito improvável" evitar segundo turno entre García e Humala
Equipe de Flores admite derrota no Peru
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Quinze dias depois da eleição
presidencial peruana, um porta-voz da campanha de Lourdes Flores finalmente admitiu ontem a
derrota para o ex-presidente de
centro-esquerda Alan García, 56,
virtual adversário do nacionalista
Ollanta Humala. A data mais provável para a realização do segundo turno é o dia 28 de maio.
"É praticamente impossível,
muito improvável que possamos
reverter isso. E, ainda que o resultado final só possa ser dado pelo
organismo eleitoral, acredito que
não haja por que prolongar a agonia", disse à Folha o deputado Rafael Rey Rey, um dos colaboradores mais próximos de Flores.
Apurados 98,1% dos votos até o
fechamento desta edição, García
mantinha uma vantagem de
81.080 votos sobre a candidata da
Unidade Nacional. Em porcentagem, ele possuía 24,3%, contra
23,6% de Flores. O candidato nacionalista seguia em primeiro lugar, com 30,7%. A expectativa é
que o resultado oficial saia hoje.
Confirmado o segundo turno
entre Humala e García, os peruanos terão de escolher entre um tenente-coronel aposentado aliado
do venezuelano Hugo Chávez que
liderou um levante militar, em
2000, e um ex-presidente que, de
1985 e 1990, levou o país a um espiral de desabastecimento, recessão e violência fora de controle
causada pelo Sendero Luminoso.
Apesar das declarações de Rey,
Flores não havia admitido oficialmente a derrota até ontem à tarde.
No final de semana, a direitista
havia dito que esperaria "até o último voto". Para o deputado, a
Unidade Nacional ainda não decidiu se apoiará García, mas rejeitou uma aliança com Humala.
"Vou votar em García, mas não
me parece lógico uma aliança
com o Apra", disse Rey, referindo-se ao partido do ex-presidente. "O pior que pode acontecer
neste momento é que Humala
venda a imagem de que os políticos se unem contra ele. Tem de
ser como uma marinera [dança
peruana], em que se dança separado."
Com o lugar assegurado no segundo turno há duas semanas,
Humala fez nos últimos dois dias
uma tumultuada visita ao norte
do Peru, principal reduto de García. Durante a visita à região de
Trujillo ontem, foi atingido com
frutas e cerveja, atiradas por militantes apristas, que seguravam fotos e cartazes do ex-presidente.
"Ninguém me dirá aonde vou e
aonde não vou", disse Humala,
após o incidente. "Isso aqui já estava preparado. Que vergonha,
senhor García."
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