São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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Lugo pede perdão por caso de paternidade

Presidente do Paraguai, que admitiu 1º filho, diz que 2ª e 3ª alegações serão esclarecidas na Justiça e nega crise

DA REDAÇÃO

O presidente paraguaio, Fernando Lugo, rompeu ontem o silêncio sobre o escândalo das alegações de paternidade e pediu "perdão pelas circunstâncias". O ex-bispo, que admitira ser pai da primeira criança, não reconheceu a paternidade nos dois casos mais recentes, mas prometeu esclarecer a situação na Justiça e "com a verdade".
"Eu, pessoa humana imperfeita, resultado de processos históricos, perfil da minha cultura, assumirei com todas as responsabilidades as situações que me concernem", disse Lugo em entrevista coletiva. "Sou um ser humano, e como tal, nada humano me é alheio."
O presidente disse que as alegações de paternidade vindas a público nos últimos dias serão tratadas caso a caso na Justiça.
"Minha confissão faço aos meus confessores", afirmou, justificando o fato de não ter admitido nem negado os supostos relacionamentos com Benigna Leguizamón, 27, e Damiana Morán, 39, as autoras das revelações desta semana.
Morán, que havia dito não ter intenção de recorrer à Justiça, como fez Leguizamón, afirmou ontem ter mudado de ideia. A decisão, disse, se deve às negativas do advogado de Lugo em reconhecer ter falado com ela.
No último dia 13, Lugo admitiu ser pai de Guillermo Carrillo, que completará 2 anos no próximo dia 4, filho de Viviana Carrillo, 26, com quem tivera relacionamento por dez anos.
Nos três casos, as crianças foram concebidas quando o presidente exercia o sacerdócio. A "perda do estado clerical" só foi concedida a Lugo pelo Vaticano em julho do ano passado, apenas um mês antes da sua posse.
Ontem, a quarta e a quinta mulheres que se especulava na imprensa local que dariam sequência aos pedidos de paternidade negaram os boatos.
Narcisa de la Cruz disse conhecer Lugo, segundo o "Última Hora", mas negou que o ex-bispo seja pai de seu filho. Já Raquel Torres acusou uma integrante do opositor Partido Colorado de oferecer dinheiro para revelar o suposto caso.
Lugo disse reconhecer que "faltou" com a igreja e os cidadãos paraguaios "que depositaram confiança em mim", mas garantiu que não há possibilidade de deixar a Presidência.

Defesa do governo
"Ante os rumores de instabilidade e conspiração, esse processo não sofrerá retrocessos até 15 de agosto de 2013, quando entregaremos o governo a nosso sucessor", afirmou.
Lugo disse que podem "esperar sentados" todos aqueles que pretendem interromper a mudança. "Não permitirei que essas circunstâncias afetem ações de interesse nacional."
O presidente paraguaio ainda manifestou a intenção de restabelecer laços com o seu vice, Federico Franco, com quem as relações deterioram-se seriamente nos últimos dias.
Franco lidera uma ala do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA, centro-direita), principal legenda da aliança luguista, dentro do governo. Ele desaprovou publicamente as mudanças no ministério anunciadas por Lugo na última segunda e tem reclamado do papel destinado a seu grupo no governo.
Anteontem, porém, Franco negou apoiar a abertura de um juízo político de Lugo no Congresso, pedido pelo Partido Colorado, só possível em caso de dissidência governista. "Estamos trabalhando para o governo de Lugo e Franco recompor os laços", disse o presidente.


Com agências internacionais


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