|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cervejaria é a única indústria da região sul
DO ENVIADO A JUBA
O primeiro (e até agora
único) projeto industrial no
sul do Sudão parece feito sob
medida para provocar o governo central de Cartum.
Uma fábrica de cerveja, inaugurada em 2009, a 10 km do
centro de Juba.
No norte, governado pela
sharia, a lei islâmica, o consumo de álcool é duramente
reprimido. No sul, hoje são
produzidas 150 mil garrafas
por dia de "White Bull", uma
marca criada especialmente
por uma subsidiária da sul-africana SAB Miller.
"Os sudaneses gostam de
cerveja, especialmente lager
[clara], em razão do clima
quente e úmido", diz o diretor da unidade, Ian Elvey.
São 283 sudaneses empregados na fábrica, isenta de
impostos até 2014. O importante é gerar empregos. No
setor privado, quase não há.
O acordo de paz de 2005
deu autonomia ao sul do Sudão e dividiu a receita dos
campos de petróleo meio a
meio com o governo central.
Para 2010, o orçamento do
sul será de US$ 2 bilhões,
98% vindos do setor petrolífero, operado por chineses,
que trazem junto sua mão de
obra. A geração de empregos
locais é mínima.
Na falta de estatísticas
confiáveis, chuta-se que a
economia do sul vem crescendo entre 10% e 25% ao
ano, partindo de uma base ridiculamente baixa.
Sem produção local de
bens de consumo, o custo de
vida é alto. Tudo precisa ser
importado de Uganda, por
uma única estrada em fase final de pavimentação. Para irritação das agências humanitárias, o asfaltamento de estradas ligando Juba a regiões
próximas de terras férteis, o
que poderia ajudar a baixar o
preço dos alimentos, foi posto em segundo plano.
A burocracia, especialmente o inchado Exército,
sobrevive dos salários estatais. Pessoas se viram fazendo bicos de pedreiros e marceneiros na construção de
novos prédios do governo.
Debaixo do sol a pino, crianças quebram pedras para o
asfaltamento de ruas.
Setor emergente
Um segmento que explode
é o da segurança privada.
Num cruzamento de Juba,
um outdoor anuncia as qualidades do Veterans Security
Services: "altamente treinados; disciplinados; profissionais; corteses".
"Somos a única companhia autorizada pelo governo
a portar armas", diz o gerente, Steve Foreman, um ex-militar britânico que comprou a empresa de veteranos
do Exército rebelde do sul.
Trabalho não falta: escolta
armada e proteção de canteiros de obras pelo país. "Há
gangues armadas e ex-soldados bêbados andando pela
mata", afirma Foreman.
A força de trabalho é composta por 350 ex-rebeldes,
que recebem treinamento
para funções civis. Cada homem armado custa US$ 750
por mês. Um desarmado tem
desconto de US$ 100.
(FZ)
Texto Anterior: Desnutrição é evidente também na cidade Próximo Texto: "Bomba demográfica" ameaça Israel, 62 Índice
|