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Planejamento consumiu 16 meses
da Sucursal de Brasília
Os jovens capitães portugueses
consumiram 16 meses em discussões e planejamento. E tudo começou com um convite para degustar
um leitão assado com castanhas.
Quando, na semana retrasada,
Fernando Henrique Cardoso posou sorridente em Évora, no sul de
Portugal, em frente ao templo romano de Diana, ele pisou no local
do primeiro ponto de encontro
dos militares revolucionários.
Era setembro de 1973. Uma dezena de oficiais foi recepcionada por
Vasco Lourenço e seguiu para a
quinta do Monte do Sobral, em Alcáçovas.
Foram atraídos para uma reunião profissional. Por causa de um
decreto do ministro da Defesa,
eles, cansados da guerra colonial,
estavam a ser preteridos nas promoções para jovens oficiais.
Orientada politicamente por
Otelo, Vasco Lourenço e Vítor Alves, a platéia foi rejeitando soluções paliativas. Ao ouvido de Lourenço, Otelo foi o primeiro a manifestar, já na segunda reunião, a intenção de "escavacar tudo isto e
deitar o regime abaixo". Lourenço,
ao ouvido de Otelo, devolveu: "Julgas que estás sozinho?".
Duas reuniões à frente, o tenente-coronel Ataíde Banazol afirma,
na frente de todos, que está cansado da "guerra de papel" em torno
das promoções e fala em dar "um
golpe".
Assim foi feito. Antes, uma providência: cooptar dois generais insatisfeitos com o regime (Spínola e
Costa Gomes) para legitimar hierarquicamente a conspiração.
(RN)
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