São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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Grupos iraquianos já disputam cargos no futuro governo interino

DA REUTERS

Um governo interino cuja missão será conduzir o Iraque de julho até eleições (provavelmente em janeiro) poderá ser formado em cerca de dez dias, dentro do cronograma previsto pela ONU, esquentando a concorrência entre os grupos iraquianos pelos cargos principais, dizem autoridades da ONU e da ocupação.
As ambições concorrentes dos setores iraquianos xiita (60% da população), sunita (20%) e curdo (15%) constituem o obstáculo mais imediato enfrentado pelo enviado especial da ONU, Lakhdar Brahimi. Diante das dificuldades que enfrentam no Iraque, os EUA transferiram à ONU a responsabilidade pela escolha do governo interino, mas serão consultados durante o processo.
Brahimi quer finalizar a composição um mês antes da transferência formal da soberania aos iraquianos, em 30 de junho. Altos representantes da autoridade de ocupação chefiada pelos EUA e da delegação da ONU dizem que a meta continua a ser alcançável, mas que ainda não existe consenso em relação aos cargos de primeiro-ministro e presidente.
"É claro que há nomes em discussão, mas ainda não há nomes definidos para cargos específicos", disse o porta-voz de Brahimi, Ahmad Fawzi. Refletindo a demografia iraquiana, as especulações giram em torno de um candidato da comunidade xiita, majoritária, para chefiar o governo, e um árabe sunita na Presidência.
Mas os curdos iraquianos, que querem preservar a autonomia de que desfrutam desde 1991 no norte do país, reivindicam um dos cargos. "Não vamos aceitar outra coisa senão a Presidência ou o cargo de premiê", disse Adel Murad, vice do líder curdo Jalal Talabani, que integra o Conselho de Governo indicado pelos EUA.
Igualmente controversa é a natureza e a extensão da soberania que Washington pretende transferir em 30 de junho.
A nova resolução apresentada ontem ao Conselho de Segurança da ONU, redigida pelos EUA e o Reino Unido, não marca data para a saída das tropas lideradas pelos EUA, mas propõe uma revisão de sua situação após um ano.
O texto provisório diz que o Iraque teria controle sobre sua receita petrolífera, mas que um conselho internacional faria uma auditoria nas contas para garantir aos investidores estrangeiros que não haveria corrupção.
Atualmente, a receita das vendas de gás e petróleo é depositada numa conta especial intitulada Fundo de Desenvolvimento do Iraque, controlada pelos EUA.


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