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Vice opositor mira Casa Rosada em 2011
Popular na Argentina, Julio Cobos atua nos bastidores da atual campanha legislativa para se fortalecer para pleito presidencial
Partido criado por ele se alia a grupos de oposição; a respeito de uma eventual postulação, afirmou: "Não costumo descer degraus"
"Diario Uno"
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O vice-presidente argentino, Julio Cobos (centro, de blusa branca), em procissão em Mendoza, onde ele faz campanha contra os Kirchner |
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Convertido em um dos políticos mais populares da Argentina desde o conflito do governo Cristina Kirchner com o setor rural, o vice-presidente, Julio Cobos, usa as eleições legislativas de junho no país para se
fortalecer como opção presidencial opositora para 2011.
"Não costumo descer degraus", afirmou o vice neste final de semana, sobre sua eventual postulação à Casa Rosada.
Referência da chamada "concertação plural", de integrantes
da UCR (União Cívica Radical)
que defenderam a união com o
PJ (Partido Justicialista, do governo) na eleição presidencial
de 2007, Cobos rompeu com o
governo em julho de 2008.
Na ocasião, seu famoso "voto
não-positivo" derrubou no Senado o projeto governista que
aumentava impostos sobre exportações do campo.
Cobos optou por um perfil
discreto nessa eleição, evitando
atos de campanha para, segundo seus aliados, "preservar a
institucionalidade do cargo".
Mas, nos bastidores, participa ativamente da formação de
frentes opositoras, em clara
reaproximação com a UCR, seu
partido de origem e que lhe havia expulsado "por toda vida"
pela união com Cristina.
A morte, em março, do presidente radical Raúl Alfonsín
(1983-1989) acelerou os tempos da reconciliação entre Cobos e a UCR.
Nas cerimônias de despedida, o vice marchou de braços
dados com líderes radicais, que
pouco depois converteram em
licença sua expulsão do partido
-Cobos fica afastado enquanto
integrar o governo peronista.
Para a votação de junho, o
Confe (Consenso Federal), partido criado por Cobos após a
ruptura com o governo, está coligado com o Acordo Cívico e
Social -aliança de centro-esquerda entre UCR, Coalizão Cívica e socialismo- em três Províncias: Buenos Aires, Tucumán e Mendoza. Está ainda
aliado ao radicalismo em outros sete distritos.
"Nossa meta para essa eleição não é aumentar legisladores [o Confe tem 4 dos 257 deputados federais], mas estreitar
laços com outros grupos pensando na construção política
para 2011", afirmou à Folha
Mario Meoni, prefeito de Junín (Buenos Aires) e principal
operador político de Cobos.
Meoni disse ainda que o
Confe irá formar um bloco com
a UCR no Congresso depois das
eleições.
Popularidade
Pesquisas de opinião dão a
Cobos altos índices de aprovação -pelos números da Giacobbe e Associados, por exemplo, é o político mais popular do
país, com 61% de aprovação,
contra 24% de Cristina.
"Essa imagem positiva não se
converte automaticamente em
votos. Se Cobos insistir em ser
opositor e vice ao mesmo tempo, vai ser condenado pela sociedade", disse Jorge Giacobbe,
presidente da consultoria.
Cobos joga suas cartas nessa
eleição em Mendoza, Estado
que governou de 2003 a 2007 e
é o quinto colégio eleitoral do
país (4,2% dos votos nacionais).
Ali seus candidatos -promovidos pelo slogan "gente de Cobos"- enfrentam o grupo do
governador peronista Celso Jaque, aliado do governo.
"Se Cobos ganhar em Mendoza, ficará muito bem posicionado para 2011", afirmou a analista política Graciela Röhmer.
Como principal candidato do
governo no pleito, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) já tem apontado a artilharia contra Cobos em sua
campanha a deputado pela Província de Buenos Aires.
Repete que Cristina "não teve a sorte" dele, por não contar
com "um vice que me acompanhou todo o tempo", referência
ao hoje governador da Província e também candidato à Câmara, Daniel Scioli.
Cobos marca distância da estratégia eleitoral do governo,
que promove candidatos, como
Scioli, que não devem assumir
os cargos.
"Subestima a população, não
é adequado depois de 25 anos
de democracia", disse o vice no
final de semana. Também busca evitar confronto direto, para
reforçar a imagem de conciliador. "Não vamos entrar nessa
lógica de construção política",
afirma Meoni.
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