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Argentina promete defender empresa ante Chávez
DE BUENOS AIRES
Após a Venezuela anunciar a
estatização de três siderúrgicas
da multinacional argentina Techint, o governo da Argentina
se comprometeu no final de semana a intervir para que o grupo seja compensado, mas sem
questionar a decisão do governo de Hugo Chávez.
"A Argentina respeita como
sempre as decisões soberanas
de outros Estados, mas protegendo os interesses nacionais",
afirmou o ministro do Planejamento, Julio de Vido.
Foi uma resposta ao setor
empresarial argentino, que na
sexta-feira reagiu duramente à
medida de Chávez. Em incomum ação em cadeia, as principais câmaras empresariais expressaram "preocupação e repúdio" pelas estatizações.
Na quinta-feira, Chávez
anunciou a estatização de cinco
siderúrgicas, entre elas a Tavsa
e a Matesi, do grupo argentino,
que tem ainda participação minoritária da Comsigua, também incluída no pacote.
O venezuelano promove desde 2007 uma ampla política de
nacionalizações, com avanço
estatal em setores como siderurgia, petróleo, telecomunicações, eletricidade e cimento.
Como Chávez havia passado
o final de semana anterior na
Argentina com Néstor e Cristina Kirchner, especulou-se se
ele havia antecipado as medidas ao casal presidencial.
Sob anonimato, fontes do governo negaram à imprensa local que isso tenha ocorrido.
O grupo Techint já havia sido
afetado por uma decisão de
Chávez, que em 2008 estatizou
a siderúrgica Sidor. O acordo
para indenização foi fechado
somente neste mês, com a Venezuela pagando US$ 1,97 bilhão por 59,7% das ações.
O ministro do Planejamento
disse que as conversas com o
governo da Venezuela seguirão
o roteiro do caso Sidor. "O governo repetirá as gestões sem
duvidar", afirmou De Vido.
As ações de Chávez também
levaram o governo argentino a
desmentir que tenha intenção
de ampliar participação estatal
em empresas -especula-se que
poderia reforçar essa tendência
se sair com boa vitória nas eleições legislativas de junho.
"Acreditamos em um capitalismo nacional e na necessidade de intervenção do Estado
em áreas específicas. Mas não
vamos sair estatizando empresas", disse o ministro do Interior, Florencio Randazzo, ao
jornal "Clarín".
Sob Néstor Kirchner (2003-2007), a Argentina nacionalizou grandes empresas, como as
de correios e de água. Já sob
Cristina, o governo nacionalizou a Aerolíneas Argentinas e
estatizou os fundos de previdência privada obrigatória.
Com essa última medida, o
Estado argentino absorveu
participação que as empresas
de previdência privada possuíam em diversas empresas, e
o governo passou a designar diretores nessas firmas.
Entre as empresas que agora
têm diretores designados pelo
Estado, está a siderúrgica Siderar, do grupo Techint.
(TG)
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