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ÁSIA
Críticas da oposição no Sul e espetadas verbais no Norte servem para lembrar as dificuldades da reunificação da península
Após euforia, Coréias enfrentam a dura realidade
CALVIN SIMS
DO "THE NEW YORK TIMES", EM SEUL
A euforia que se seguiu à cúpula
entre as duas Coréias na semana
retrasada começou a se desvanecer, enquanto os líderes de ambas
enfrentam a realidade de tentar
reunificar dois países de língua e
ancestrais comuns, mas ideologias e destinos diferentes.
Embora diplomatas estrangeiros e analistas políticos digam que
as perspectivas de paz e reconciliação na península coreana continuam promissoras, declarações
antagônicas feitas nos dois países
nos últimos dias destacam as inevitáveis dificuldades enfrentadas
pelo Sul e pelo Norte na tentativa
de superar cinco décadas de inimizade ideológica.
Na semana passada, a agência
de notícias oficial norte-coreana
divulgou diversas declarações em
tom de provocação feitas pelo líder Kim Jong-il, algumas velhas e
outras novas, recomendando aos
norte-coreanos que não se distanciem dos princípios da revolução.
"Precisamos criar uma nação
auto-suficiente e forte e não nos
rendermos a reformas econômicas e aberturas de mercado que
certamente causariam a nossa
destruição", disse Kim Jong-il na
retransmissão -feita na terça-feira, um dia depois de os EUA levantarem as sanções ao comércio
não militar com a Coréia do Norte- de um discurso de 1999.
A diatribe -que, segundo especialistas políticos, teve a intenção
de apaziguar os ânimos da linha
dura norte-coreana e projetar
uma imagem de força- formou
um contraste acentuado com os
gestos conciliadores trocados entre Kim Jong-il e Kim Dae-jung
em suas conversações em Pyongyang, capital norte-coreana.
Os dois líderes assinaram um
acordo pedindo laços mais estreitos, cooperação econômica e, em
prazo não determinado, a reunificação entre os dois países.
Mas a mudança de tom da Coréia do Norte não foi mais mordaz
do que a enxurrada de críticas direcionada pela principal oposição
política sul-coreana ao país comunista e ao acordo forjado.
Embora tenham admitido a importância da reunião de cúpula,
os líderes do oposicionista Grande Partido Nacional disseram que
a Coréia do Norte continua sendo
um Estado perigoso e que as conversações não trataram de questões importantes como os programas nuclear e de mísseis norte-coreanos e os custos da união.
Especialistas estrangeiros e coreanos disseram que as espetadelas verbais atuaram como uma
muito necessária volta à realidade, após a euforia generalizada.
Ninguém espera que a reunificação ocorra logo. As diferenças
econômicas radicais entre as duas
Coréias e os custos astronômicos
de sua fusão fazem da reunificação uma perspectiva distante.
Movida por investimentos estrangeiros, mercados abertos e
tecnologia avançada, a Coréia do
Sul se tornou uma das democracias mais bem-sucedidas do mundo em termos econômicos.
Já a Coréia do Norte passa por
grande dificuldade. A agricultura
ineficiente e enchentes geraram
escassez de alimentos. Na maioria
das regiões praticamente inexistem estradas, telefones ou transportes públicos. Integrar as duas
Coréias pode custar centenas de
bilhões de dólares.
Tradução de Clara Allain
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