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IRAQUE OCUPADO
Grupo de Zarqawi, ligado à Al Qaeda, assume atentados; Powell diz que EUA "subestimaram" insurgência
Ataques coordenados matam ao menos 89
DA REDAÇÃO
Ataques coordenados em cinco
cidades do Iraque deixaram pelo
menos 89 mortos e mais de 300 feridos ontem, apenas seis dias antes da posse do governo interino.
A ação confirma o temor das autoridades americanas e iraquianas de que o período até a transferência de poder seria sangrento.
Durante a noite, os números
ainda eram desencontrados. O
Ministério da Saúde falava em 89
mortos, mas a contabilidade das
agências de notícias, citando fontes hospitalares e policiais nas cinco cidades, superava cem.
Os ataques, que visaram sobretudo a polícia iraquiana, foram
assumidos pelo grupo liderado
por Abu Musab Zarqawi. O jordaniano reivindicou atentados similares neste ano no Iraque e, segundo os EUA, mantém ligações com
a Al Qaeda. Além disso, seu grupo
ameaçou anteontem de morte o
futuro premiê, Iyad Allawi, e assumiu o assassinato de um civil
sul-coreano, decapitado terça.
Todas as cidades atingidas
-Mossul, Bagdá, Fallujah, Ramadi e Baquba- são predominantemente sunitas e apresentam
tensões desde o início da ocupação. Privilegiada durante os 24
anos da ditadura de Saddam Hussein (1979-2003), essa corrente
muçulmana, minoritária no Iraque -cerca de 30% do país-,
concentra mais opositores da
ocupação do que os xiitas, que são
60% da população e foram oprimidos pelo regime deposto.
"Incidentes isolados"
O futuro premiê, que tomará
posse na próxima quarta-feira,
prometeu "esmagar" a insurgência e minimizou seus efeitos. "São
incidentes isolados. Vamos enfrentá-los [os terroristas] e derrotá-los, vamos esmagá-los", declarou. "Estávamos esperando essa
escalada e esperamos que nos
próximos dias ela se agrave."
A opinião de Allawi sobre a desimportância dos ataques, no entanto, não parece ser compartilhada pelos EUA. "Subestimamos
a natureza da insurgência que poderíamos enfrentar neste período,
e isso que estamos vendo agora se
tornou um grave problema para
nós", disse o secretário de Estado
dos EUA, Colin Powell. Já um oficial da coalizão anglo-americana
que pediu para não ter o nome revelado disse que o episódio de ontem "não se trata de uma exceção". "Não há motivo para acreditar que acabará em 30 de junho."
"Ataque aos apóstatas"
Num site extremista islâmico,
uma mensagem assinada por Zarqawi reivindicava os ataques.
"Seus irmãos no Jama'at al Tawhid e Jihad lançaram um amplo
ataque em vários governorados
no país, que incluiu ataques contra apóstatas agentes de polícia e
espiões, o Exército iraquiano e
seus irmãos americanos."
A cidade mais atingida foi Mossul, onde 62 pessoas morreram e
220 foram feridas em sete explosões, ao menos quatro delas provocadas por carros-bomba. Um
soldado americano morreu em tiroteios que se seguiram aos ataques -outros dois morreram em
uma emboscada em Baquba, que
matou ainda 13 civis.
Além dos ataques, confrontos
deixaram ao menos nove mortos
em Fallujah e Ramadi -onde insurgentes atacaram com morteiros duas delegacias e a casa do governador. Na capital, quatro guardas iraquianos foram mortos por
um carro-bomba.
A coalizão vê nos ataques uma
tentativa de interromper o processo transitório. Ontem, os iraquianos retomaram os 11 ministérios que ainda eram controlados
pela coalizão. Apesar da transição
administrativa, no entanto, uma
força internacional com cerca de
160 mil militares sob comando
dos EUA permanecerá no país até
a posse de um governo eleito, prevista para janeiro de 2006.
Com agências internacionais
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