|
Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Soldados pertenciam à divisão que atacou Uday e Qusay Hussein; na TV, grupo promete mais violência
EUA sofrem mais três baixas em ataques
DA REDAÇÃO
Um grupo leal a Saddam Hussein prometeu vingar a morte dos
filhos do ex-ditador no dia em
que mais três soldados americanos foram mortos em ataques.
Todos eram da 101ª Divisão Aerotransportada, a mesma que executou a operação que resultou na
morte de Uday e Qusay Hussein
na terça-feira.
Em uma fita exibida ontem pela
rede de TV Al Arabiya, um grupo
de homens encapuzados e armados com fuzis, numa sala repleta
de imagens de Saddam, prometeu
à população iraquiana dar continuidade ao jihad. "A morte de
Uday e Qusay não reduzirá os ataques contra americanos, e sim os
aumentará", diz um dos homens,
ameaçando também iraquianos
que colaboram com os EUA. A
média de ataques diários contra
americanos é de 12, mas foram registrados 25 em alguns dias.
Os três soldados mortos foram
alvo de tiros e granadas-foguetes
disparados contra o veículo em
que estavam, em Qayyarah, 300
km ao norte de Bagdá. Na véspera, outro soldado da mesma divisão fora morto em Mossul.
Com isso, o número de mortos
em ações hostis desde que foi declarado o fim das principais operações chegou a 44, e em acidentes, a 57. Desde o início da guerra,
158 morreram em ataques e 79 em
acidentes. Militares dos EUA, que
atribuem os ataques a simpatizantes de Saddam, haviam declarado esperar que a morte de Uday
e Qusay amenizasse a violência.
Na capital, dois iraquianos foram mortos ao se aproximarem
de uma barreira de soldados dos
EUA perto de uma mesquita. Testemunhas disseram que os soldados atiraram no carro em que os
homens estavam, que pegou fogo.
O Comando Central Americano
(Centcom) confirmou as mortes,
mas não divulgou detalhes.
Em outro incidente, um veículo
americano explodiu. Não se sabia
ainda se havia vítimas.
"Irresponsabilidade"
Respondendo a recentes críticas
feitas pelos democratas (oposição), o vice-presidente americano, Dick Cheney, disse que seria
uma "irresponsabilidade extrema" ignorar a ameaça representada por Saddam e que, se os EUA
não tivessem agido, o ex-ditador e
seus filhos ainda estariam no poder, salas de tortura ainda existiriam e o Iraque seguiria sendo um
abrigo seguro para terroristas.
"Sabendo disso tudo, eu me
pergunto como poderíamos permitir que essa ameaça prosseguisse", disse Cheney em um discurso
no American Enterprise Institute,
um centro de pesquisa e análise
conservador, de Washington.
No evento, ele leu trechos de um
relatório de inteligência de outubro de 2002, assinado pela National Intelligence Estimate, que fala
da posse de armas biológicas e
químicas pelo Iraque.
O governo americano vinha
sendo criticado pelas constantes
baixas de soldados no Iraque e
questionado sobre sua motivação
para invadir o país, já que as supostas armas de destruição em
massa iraquianas, principal justificativa para a guerra, ainda não
foram achadas. Além disso, algumas das supostas provas citadas
pelos EUA e pelo Reino Unido se
provaram falsas ou exageradas.
No entanto a morte dos irmãos
deu fôlego ao discurso de Washington, alimentando a expectativa de Saddam ser pego.
Ontem, um funcionário da CIA
-que pediu que seu nome não
fosse divulgado- afirmou que a
voz que exorta os iraquianos a resistir à ocupação na fita de áudio
divulgada na véspera pela Al Arabiya é "provavelmente de Saddam", mas que não há como garantir sua legitimidade. A conclusão é a mesma divulgada após
análise de outras duas fitas atribuídas ao ex-ditador e veiculadas
após seu desaparecimento.
Com agências internacionais
Próximo Texto: ONGs atuando no Iraque são alvo de ataques Índice
|