UOL


São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Soldados pertenciam à divisão que atacou Uday e Qusay Hussein; na TV, grupo promete mais violência

EUA sofrem mais três baixas em ataques

DA REDAÇÃO

Um grupo leal a Saddam Hussein prometeu vingar a morte dos filhos do ex-ditador no dia em que mais três soldados americanos foram mortos em ataques. Todos eram da 101ª Divisão Aerotransportada, a mesma que executou a operação que resultou na morte de Uday e Qusay Hussein na terça-feira.
Em uma fita exibida ontem pela rede de TV Al Arabiya, um grupo de homens encapuzados e armados com fuzis, numa sala repleta de imagens de Saddam, prometeu à população iraquiana dar continuidade ao jihad. "A morte de Uday e Qusay não reduzirá os ataques contra americanos, e sim os aumentará", diz um dos homens, ameaçando também iraquianos que colaboram com os EUA. A média de ataques diários contra americanos é de 12, mas foram registrados 25 em alguns dias.
Os três soldados mortos foram alvo de tiros e granadas-foguetes disparados contra o veículo em que estavam, em Qayyarah, 300 km ao norte de Bagdá. Na véspera, outro soldado da mesma divisão fora morto em Mossul.
Com isso, o número de mortos em ações hostis desde que foi declarado o fim das principais operações chegou a 44, e em acidentes, a 57. Desde o início da guerra, 158 morreram em ataques e 79 em acidentes. Militares dos EUA, que atribuem os ataques a simpatizantes de Saddam, haviam declarado esperar que a morte de Uday e Qusay amenizasse a violência.
Na capital, dois iraquianos foram mortos ao se aproximarem de uma barreira de soldados dos EUA perto de uma mesquita. Testemunhas disseram que os soldados atiraram no carro em que os homens estavam, que pegou fogo. O Comando Central Americano (Centcom) confirmou as mortes, mas não divulgou detalhes.
Em outro incidente, um veículo americano explodiu. Não se sabia ainda se havia vítimas.

"Irresponsabilidade"
Respondendo a recentes críticas feitas pelos democratas (oposição), o vice-presidente americano, Dick Cheney, disse que seria uma "irresponsabilidade extrema" ignorar a ameaça representada por Saddam e que, se os EUA não tivessem agido, o ex-ditador e seus filhos ainda estariam no poder, salas de tortura ainda existiriam e o Iraque seguiria sendo um abrigo seguro para terroristas.
"Sabendo disso tudo, eu me pergunto como poderíamos permitir que essa ameaça prosseguisse", disse Cheney em um discurso no American Enterprise Institute, um centro de pesquisa e análise conservador, de Washington.
No evento, ele leu trechos de um relatório de inteligência de outubro de 2002, assinado pela National Intelligence Estimate, que fala da posse de armas biológicas e químicas pelo Iraque.
O governo americano vinha sendo criticado pelas constantes baixas de soldados no Iraque e questionado sobre sua motivação para invadir o país, já que as supostas armas de destruição em massa iraquianas, principal justificativa para a guerra, ainda não foram achadas. Além disso, algumas das supostas provas citadas pelos EUA e pelo Reino Unido se provaram falsas ou exageradas.
No entanto a morte dos irmãos deu fôlego ao discurso de Washington, alimentando a expectativa de Saddam ser pego.
Ontem, um funcionário da CIA -que pediu que seu nome não fosse divulgado- afirmou que a voz que exorta os iraquianos a resistir à ocupação na fita de áudio divulgada na véspera pela Al Arabiya é "provavelmente de Saddam", mas que não há como garantir sua legitimidade. A conclusão é a mesma divulgada após análise de outras duas fitas atribuídas ao ex-ditador e veiculadas após seu desaparecimento.


Com agências internacionais


Próximo Texto: ONGs atuando no Iraque são alvo de ataques
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.