|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Curdos do Iraque votam sob sombra da corrupção
Política de região autônoma é marcada pelo nepotismo e por negócios escusos
Curdistão, que disputa com Bagdá controle de área rica em petróleo, é, porém, um oásis de tranquilidade em país flagelado por guerra
DO "FINANCIAL TIMES"
A corrupção deve ser a questão central para os curdos do
Iraque, que vão às urnas hoje, já
que os cidadãos da região estão
se sentindo cada vez mais desconfortáveis com o suposto nepotismo e negócios escusos que
ajudaram a manter as duas
principais famílias do Curdistão no poder.
Esse desconforto, combinado à popularidade recentemente conquistada por um candidato oposicionista que baseia
sua campanha no combate às
falcatruas e na defesa da mudança, pode forçar o governo
curdo a se preocupar mais com
a prestação de contas, ainda
que o presidente Mahmoud
Barzani, do Partido Democrático do Curdistão (KDP), tenha a
reeleição garantida.
"Estou cansado das famílias
dominantes, porque elas estão
transformando o Curdistão em
uma região de duas famílias: o
Barzanistão e o Talabanistão",
disse Hemin Lihony, 24, um
jornalista da cidade de Sulimaniyeh, em referência a Barzani
e a Jalal Talabani, veteranos rivais que há anos dominam a política curda. "Não votarei neles
porque Barzani causa problemas em vez de resolvê-los."
Barzani governa a região desde 2005; Talabani, líder da
União Patriótica do Curdistão
(PUK), é presidente do Iraque.
O KDP e o PUK disputam estas
eleições em coalizão.
O Curdistão, região etnicamente distinta do restante do
Iraque, vem operando de forma
quase inteiramente separada
do país desde que conquistou
alguma autonomia após a
Guerra do Golfo, em 1991.
O Curdistão não registrou níveis de violência nem próximos
dos experimentados pelo restante do país depois da guerra
de 2003, e sua economia apresenta desempenho relativamente bom. No entanto, a corrupção é endêmica, e jornalistas e críticos do regime enfrentam perseguições.
O relacionamento entre o
Curdistão e Bagdá vem sofrendo desgaste cada vez maior devido à disputa territorial sobre
áreas ricas em petróleo, como
Kirkuk. O governo curdo insiste em que a área é curda, enquanto o governo central alega
que ela é iraquiana.
Ainda que a reeleição de Barzani seja certa, os analistas
apontam para o surgimento de
uma oposição significativa, que
pode conquistar um terço dos
100 assentos do Legislativo.
O principal bloco de oposição
é a Lista pela Mudança, aliança
reformista liderada por Nawshirwan Mustafa, que defende a
reaproximação com Bagdá.
Texto Anterior: Itália: Diálogos atribuídos a premiê geram polêmica arqueológica Próximo Texto: Sob pressão: Presidente do Irã recua de escolha de primeiro vice Índice
|