São Paulo, sábado, 25 de julho de 2009

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Curdos do Iraque votam sob sombra da corrupção

Política de região autônoma é marcada pelo nepotismo e por negócios escusos

Curdistão, que disputa com Bagdá controle de área rica em petróleo, é, porém, um oásis de tranquilidade em país flagelado por guerra

DO "FINANCIAL TIMES"

A corrupção deve ser a questão central para os curdos do Iraque, que vão às urnas hoje, já que os cidadãos da região estão se sentindo cada vez mais desconfortáveis com o suposto nepotismo e negócios escusos que ajudaram a manter as duas principais famílias do Curdistão no poder.
Esse desconforto, combinado à popularidade recentemente conquistada por um candidato oposicionista que baseia sua campanha no combate às falcatruas e na defesa da mudança, pode forçar o governo curdo a se preocupar mais com a prestação de contas, ainda que o presidente Mahmoud Barzani, do Partido Democrático do Curdistão (KDP), tenha a reeleição garantida.
"Estou cansado das famílias dominantes, porque elas estão transformando o Curdistão em uma região de duas famílias: o Barzanistão e o Talabanistão", disse Hemin Lihony, 24, um jornalista da cidade de Sulimaniyeh, em referência a Barzani e a Jalal Talabani, veteranos rivais que há anos dominam a política curda. "Não votarei neles porque Barzani causa problemas em vez de resolvê-los."
Barzani governa a região desde 2005; Talabani, líder da União Patriótica do Curdistão (PUK), é presidente do Iraque. O KDP e o PUK disputam estas eleições em coalizão.
O Curdistão, região etnicamente distinta do restante do Iraque, vem operando de forma quase inteiramente separada do país desde que conquistou alguma autonomia após a Guerra do Golfo, em 1991.
O Curdistão não registrou níveis de violência nem próximos dos experimentados pelo restante do país depois da guerra de 2003, e sua economia apresenta desempenho relativamente bom. No entanto, a corrupção é endêmica, e jornalistas e críticos do regime enfrentam perseguições.
O relacionamento entre o Curdistão e Bagdá vem sofrendo desgaste cada vez maior devido à disputa territorial sobre áreas ricas em petróleo, como Kirkuk. O governo curdo insiste em que a área é curda, enquanto o governo central alega que ela é iraquiana.
Ainda que a reeleição de Barzani seja certa, os analistas apontam para o surgimento de uma oposição significativa, que pode conquistar um terço dos 100 assentos do Legislativo.
O principal bloco de oposição é a Lista pela Mudança, aliança reformista liderada por Nawshirwan Mustafa, que defende a reaproximação com Bagdá.


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