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Venezuela fecha 2010 em grave recessão
Nova crise diplomática com Bogotá é tida por analistas como método para desviar atenção do caos econômico
Caracas terá inflação forte e contração do PIB, na contramão da maior parte das outras nações em desenvolvimento
Carlos Garcia Rawlins-23.jul.2010/Reuters
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Homem exibe cédulas de bolívares na fronteira de Venezuela e Colômbia
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
Ao embarcar em nova crise
diplomática com a Colômbia,
Hugo Chávez tenta desviar
atenção da crise econômica
vivida pelo país, que terminará 2010 com a maior inflação e uma das recessões mais
severas do mundo.
A radiografia da catástrofe
econômica vivida pela Venezuela se reflete em uma série
de recordes estatísticos negativos que o país colecionará
este ano, segundo projeções
de bancos, consultorias e instituições multilaterais.
A Venezuela deverá terminar 2010 com inflação de cerca de 40%, algo entre 10 e 20
pontos percentuais maior do
que a dos outros países com
forte descontrole de preços
(como Gana e Argentina).
Enquanto a maioria dos
países emergentes crescerá
fortemente em 2010, o PIB
(Produto Interno Bruto) da
Venezuela contrairá entre
3% e 6%, segundo projeções.
Ainda que os números menos catastróficos se materializem, a Venezuela figurará
na lista dos 3 a 5 países com
as recessões mais severas.
O país enfrentou outras recessões nas últimas décadas,
inclusive depois de iniciada a
era chavista em 1999. E Chávez sobreviveu a essas crises,
surfando principalmente na
onda dos altos preços do petróleo (principal motor da
economia), de 2005 a 2008.
O problema, dizem analistas, é que a crise atual é mais
profunda e estrutural. E que
a paciência dos cidadãos parece estar se esgotando.
Neste contexto, o choque
diplomático com a Colômbia
seria manobra para desviar
atenção: "Esse tipo de comportamento provavelmente
será mantido enquanto Chávez estiver no poder", diz Richard Hamilton, chefe de
análise latino-americana da
consultoria Business Monitor International.
A grande questão é se a estratégia surtirá efeito em um
cenário de insatisfação crescente capturado em pesquisa
da Consultores 21. Dos 1.500
entrevistados, 57% creem
que Chávez é culpado pelos
problemas do país. Outros
43% dizem ter mais confiança na oposição, enquanto
35% disseram o contrário.
Nesse contexto não muito
favorável, a primeira prova
de fogo para o governo virá
em setembro, quando ocorrerão eleições legislativas.
Kate Parker, analista sênior da Economist Intelligence Unit, diz que, mesmo que
Chávez perca a maioria absoluta no Congresso, manterá
os poderes do Executivo.
Hamilton também não vê
sérias ameaças ao chavismo
no curto prazo. Mas acha que
a provável persistência de
Chávez tende a enfraquecer
mais o governo, até a eleição
presidencial de 2012.
Essa tendência negativa,
diz, pode ser revertida caso
haja uma forte alta nos preços do petróleo. No entanto,
não é essa a previsão.
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