São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil quer pacto militar entre vizinhos

Em meio à nova crise entre Caracas e Bogotá, país pede acordo de cooperação para monitoramento da fronteira

Marco Aurélio Garcia afirma crer que esforço conjunto apaziguaria de vez "área de altíssima explosividade"

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O Brasil irá reativar a proposta de cooperação entre as Forças Armadas da Venezuela e da Colômbia para monitorar a fronteira dos dois países, como forma de solucionar, "em definitivo", o impasse entre Caracas e Bogotá.
Na quinta-feira, presidente da Venezuela, Hugo Chávez, rompeu relações diplomáticas com a Colômbia após esta apresentar à Organização de Estados Americanos (OEA) denúncias de presença de guerrilheiros colombianos no país vizinho.
Em entrevista à Folha, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou que uma colaboração efetiva entre os dois países, nos moldes do que ocorreu entre a Colômbia e Equador para o monitoramento conjunto da fronteira, deve voltar à mesa de discussão sob a chancela do Brasil.
"A partir daí, a conflitividade estaria eliminada, e poderia se pensar em um pacto de não agressão", afirmou.
O assessor deve viajar para os dois países no início de agosto em companhia do secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, antes da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -que vai à Venezuela no dia 6 e, dali, segue para a posse do novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
"O sentimento geral na região é que há um enorme corpo de bombeiros formado", diz. "São dois grandes países, que têm uma posição histórica de pequenos conflitos e muita afinidade. Queremos reforçar essa afinidade."
Segundo ele, a proposta de colaboração entre as Forças Armadas não teve muita aceitação no ano passado, mas agora há "outro ambiente". A posse de Santos pode ser positiva. "Às vezes alguém que parece [ser] muito numa determinada direção é capaz de fazer reformas que outros não fizeram", diz, em referência a Álvaro Uribe.
Na proposta de monitoramento -classificada por Garcia de "uma área de altíssima explosividade"-, o controle seria feito com mecanismos como aviões não tripulados, além de efetivos militares conjuntos. "É possível neutralizar aquela zona e transformá-la num fator de paz."
Garcia baseia seu otimismo no que considera uma "mediação exitosa" do Brasil em dois outros episódios turbulentos na região. Um foi o sequestro patrocinado por Bogotá de um alto membro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em Caracas.
Outro, mais recente, foi a reaproximação entre Colômbia e Equador após os dois países romperem relações diplomáticas por uma operação de Bogotá contra as Farc em território equatoriano.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Afeganistão: Taleban afirma ter sequestrado dois soldados dos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.