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Brasil quer pacto militar entre vizinhos
Em meio à nova crise entre Caracas e Bogotá, país pede acordo de cooperação para monitoramento da fronteira
Marco Aurélio Garcia afirma crer que esforço conjunto apaziguaria de vez "área de altíssima explosividade"
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O Brasil irá reativar a proposta de cooperação entre as
Forças Armadas da Venezuela e da Colômbia para monitorar a fronteira dos dois países, como forma de solucionar, "em definitivo", o impasse entre Caracas e Bogotá.
Na quinta-feira, presidente da Venezuela, Hugo Chávez, rompeu relações diplomáticas com a Colômbia
após esta apresentar à Organização de Estados Americanos (OEA) denúncias de presença de guerrilheiros colombianos no país vizinho.
Em entrevista à Folha, o
assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou que uma colaboração efetiva entre os dois
países, nos moldes do que
ocorreu entre a Colômbia e
Equador para o monitoramento conjunto da fronteira,
deve voltar à mesa de discussão sob a chancela do Brasil.
"A partir daí, a conflitividade estaria eliminada, e poderia se pensar em um pacto
de não agressão", afirmou.
O assessor deve viajar para
os dois países no início de
agosto em companhia do secretário-geral da Unasul
(União das Nações Sul-Americanas) e ex-presidente da
Argentina, Néstor Kirchner,
antes da visita do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
-que vai à Venezuela no dia
6 e, dali, segue para a posse
do novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
"O sentimento geral na região é que há um enorme corpo de bombeiros formado",
diz. "São dois grandes países, que têm uma posição
histórica de pequenos conflitos e muita afinidade. Queremos reforçar essa afinidade."
Segundo ele, a proposta de
colaboração entre as Forças
Armadas não teve muita
aceitação no ano passado,
mas agora há "outro ambiente". A posse de Santos pode
ser positiva. "Às vezes alguém que parece [ser] muito
numa determinada direção é
capaz de fazer reformas que
outros não fizeram", diz, em
referência a Álvaro Uribe.
Na proposta de monitoramento -classificada por Garcia de "uma área de altíssima
explosividade"-, o controle
seria feito com mecanismos
como aviões não tripulados,
além de efetivos militares
conjuntos. "É possível neutralizar aquela zona e transformá-la num fator de paz."
Garcia baseia seu otimismo no que considera uma
"mediação exitosa" do Brasil
em dois outros episódios turbulentos na região. Um foi o
sequestro patrocinado por
Bogotá de um alto membro
das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia), em Caracas.
Outro, mais recente, foi a
reaproximação entre Colômbia e Equador após os dois
países romperem relações diplomáticas por uma operação de Bogotá contra as Farc
em território equatoriano.
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