São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Ataque põe fim a 'inocência' norueguesa

Médico diz que atirador usou balas especiais para causar ferimentos mais graves; número de mortos chega a 93

Mídia vê falhas de segurança; governo reforça controles mas promete "responder com democracia"


Britta Pedersen/Efe
Policial controla entrada de hotel na ilha de Utoeya que hospeda dezenas de sobreviventes e parentes do massacre ocorrido na última sexta-feira

LUISA BELCHIOR
ENVIADA ESPECIAL A OSLO

Um silêncio abrumador tomava conta da praça da catedral de Oslo, capital da Noruega, ontem. Era o som da incredulidade expressa pelos noruegueses que se concentravam em volta de um tapete de flores e velas em homenagem às vítimas do massacre da ilha de Utoeya.
Para uma sociedade habituada a deixar as portas de casa abertas e esbarrar com o primeiro-ministro no ônibus, está sendo difícil acreditar que um conterrâneo tenha sido o responsável por uma matança que matou ao menos 93 pessoas e que arrancou uma certa inocência da qual muitos se orgulhavam.
"Todo mundo está quieto, calado, porque estamos incrédulos, em choque. Esse atentado vai além da nossa compreensão. Acho que muita coisa vai mudar agora", disse o estudante Hans Avild, 18, morador de Oslo.
Uma dessas mudanças deve começar pelo próprio governo, que ontem afirmou estudar um reforço da segurança nas ruas de forma permanente. Isso porque, em caráter emergencial, esse engrossamento já era visível ontem. Pelas ruas de Oslo, policiais, que não costumavam andar armados, portavam fuzis. No aeroporto, mensagens no alto-falante anunciavam medidas de segurança mais severas por causa do atentado, como a revista de todas as bagagens de voos com destino à capital norueguesa.
Ontem, a imprensa local levantou suspeitas de falhas na segurança da área de prédios do governo em Oslo, onde um carro-bomba explodiu um pouco antes do massacre, deixando sete mortos.
Policiais passaram o dia inspecionando a área.
O primeiro-ministro, que participou com os reis da Noruega, familiares das vítimas e sobreviventes do massacre de uma missa na catedral de Oslo na manhã de ontem, voltou a insistir em que nada vai mudar. "Vamos responder com democracia".

ARMAMENTO
Um médico que atendeu vítimas baleadas por Anders Breivik, 32, que assumiu a culpa pelos atentados, disse que o atirador usou um tipo de munição que se expande ao entrar no corpo das vítimas -causando ferimentos mais graves.
"Isso nos causou problemas extras para tratar dos ferimentos. Essas balas mais ou menos explodem dentro do corpo", disse o médico Colin Poole, do hospital Ringriket.
O efeito de "explosão" é causado por deformação do projétil, que não contém carga explosiva.
Autoridades investigam se Breivik cometeu as ações para dar visibilidade a um manifesto, de sua autoria, de caráter nacionalista e contrário à imigração de muçulmanos. O jornal britânico "Guardian" disse que, na Justiça, ele alegará inocência, por defender uma revolução na sociedade.


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