São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Washington volta a dizer que há "exemplos claros" de que a região financia grupos terroristas islâmicos

EUA vêem descontrole na Tríplice Fronteira

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Os EUA afirmaram ontem que a região da Tríplice Fronteira -entre Brasil, Argentina e Paraguai- tem uma "tradição de descontrole" que "preocupa" o esforço americano na guerra ao terror.
Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, "há exemplos claros" de grupos islâmicos na região que "financiam atividades terroristas".
"A região da Tríplice Fronteira tem sido uma área de preocupação para os EUA por causa da sua tradição de descontrole, tanto na movimentação de dinheiro quanto na de de pessoas e mercadorias", afirma Juan Carlos Zarate, secretário-assistente do Tesouro dos EUA, responsável por medidas de controle dos meios de financiamento do terrorismo.
Em balanço feito ontem em Washington, Zarate anunciou que 384 pessoas, empresas e "entidades assistenciais" tiveram fundos congelados pelos EUA desde outubro de 2001 por suspeita de financiar terroristas.
Além disso, outros cinco bancos, de origem árabe ou do Leste Europeu, foram proibidos de fazer negócios com empresas e instituições financeiras dos EUA.
Zarate afirmou que atualmente existem várias investigações em curso na Tríplice Fronteira, "com a cooperação de autoridades dos países da região".
O secretário-assistente disse que o caso do libanês Assad Ahmad Barakat, atualmente preso no Paraguai, "é um exemplo claro do tipo de financiamento e de atividades ilícitas que ocorrem na região e que são usadas para financiar o terrorismo".
Há dois meses, os EUA acusaram formalmente Barakat de ser um "financiador global" de atividades terroristas. Barakat foi detido no Brasil em junho de 2002 e posteriormente extraditado para o Paraguai, onde está preso por crimes de sonegação fiscal.
O Tesouro americano sustenta também que o papel da Tríplice Fronteira não estaria restrito ao financiamento do terror. O órgão afirma que o secretário pessoal de Barakat, Sobhi Fayad, também preso no Paraguai, atuava como "líder militar" do grupo radical islâmico Hizbollah na região.
No início do mês, foi revelado que um memorando secreto do Pentágono escrito logo depois do 11 de Setembro (2001) chegou a cogitar a hipótese, depois descarta, de ataques à Tríplice Fronteira para "surpreender terroristas".
A população de origem árabe na região entre Brasil, Argentina e Paraguai é estimada em cerca de 20 mil pessoas.


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