|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA SEM LIMITES
Washington volta a dizer que há "exemplos claros" de que a região financia grupos terroristas islâmicos
EUA vêem descontrole na Tríplice Fronteira
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Os EUA afirmaram ontem que a
região da Tríplice Fronteira -entre Brasil, Argentina e Paraguai-
tem uma "tradição de descontrole" que "preocupa" o esforço
americano na guerra ao terror.
Segundo o Departamento do
Tesouro dos EUA, "há exemplos
claros" de grupos islâmicos na região que "financiam atividades
terroristas".
"A região da Tríplice Fronteira
tem sido uma área de preocupação para os EUA por causa da sua
tradição de descontrole, tanto na
movimentação de dinheiro quanto na de de pessoas e mercadorias", afirma Juan Carlos Zarate,
secretário-assistente do Tesouro
dos EUA, responsável por medidas de controle dos meios de financiamento do terrorismo.
Em balanço feito ontem em
Washington, Zarate anunciou
que 384 pessoas, empresas e "entidades assistenciais" tiveram
fundos congelados pelos EUA
desde outubro de 2001 por suspeita de financiar terroristas.
Além disso, outros cinco bancos, de origem árabe ou do Leste
Europeu, foram proibidos de fazer negócios com empresas e instituições financeiras dos EUA.
Zarate afirmou que atualmente
existem várias investigações em
curso na Tríplice Fronteira, "com
a cooperação de autoridades dos
países da região".
O secretário-assistente disse
que o caso do libanês Assad Ahmad Barakat, atualmente preso
no Paraguai, "é um exemplo claro
do tipo de financiamento e de atividades ilícitas que ocorrem na
região e que são usadas para financiar o terrorismo".
Há dois meses, os EUA acusaram formalmente Barakat de ser
um "financiador global" de atividades terroristas. Barakat foi detido no Brasil em junho de 2002 e
posteriormente extraditado para
o Paraguai, onde está preso por
crimes de sonegação fiscal.
O Tesouro americano sustenta
também que o papel da Tríplice
Fronteira não estaria restrito ao financiamento do terror. O órgão
afirma que o secretário pessoal de
Barakat, Sobhi Fayad, também
preso no Paraguai, atuava como
"líder militar" do grupo radical islâmico Hizbollah na região.
No início do mês, foi revelado
que um memorando secreto do
Pentágono escrito logo depois do
11 de Setembro (2001) chegou a
cogitar a hipótese, depois descarta, de ataques à Tríplice Fronteira
para "surpreender terroristas".
A população de origem árabe na
região entre Brasil, Argentina e
Paraguai é estimada em cerca de
20 mil pessoas.
Texto Anterior: Principal hospital não comporta mais vítimas Próximo Texto: Região mistura crime e terror, diz especialista Índice
|