São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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TERROR EM LONDRES

Ministro do Interior diz ter lista de pessoas que podem ser deportadas; medida será aplicada "rapidamente"

Londres anuncia regras para deportação

DA REDAÇÃO

O governo britânico anunciou ontem os critérios para a deportação de extremistas do país sob a nova lei antiterror e afirmou já ter preparado uma lista com nomes de possíveis "deportáveis".
Segundo o ministro do Interior, Charles Clarke, serão base para os processos de deportação acusações, entre outras, de "fomentar, justificar ou glorificar a violência terrorista"; "tentar provocar atos terroristas"; "fomentar atividades criminosas sérias"; "alimentar o ódio que pode levar à violência entre comunidades".
"Indivíduos que tentem criar medo, desconfiança e divisão de maneira a fomentar atividades terroristas não serão tolerados pelo governo ou por nossas comunidades", disse Clarke.
"Ao publicar essa lista hoje, deixo absolutamente claro que esses são comportamentos inaceitáveis e servirão de base para a deportação e a exclusão desses indivíduos do Reino Unido", afirmou.
"A ameaça de terrorismo no Reino Unido permanece real e significativa, e é correto que o governo e suas agências façam todo o possível para contê-la", argumentou. A lista, segundo o Ministério do Interior, é "indicativa, e não exaustiva".
As medidas, adotadas em reação aos atentados de 7 de julho em Londres, que mataram 52 pessoas, têm como alvo principal clérigos extremistas no país.
Segundo o governo, serão deportadas pessoas que usem "posição de responsabilidade, como de professor ou de líder comunitário, para expressar visões que fomentem, justifiquem ou glorifiquem a violência terrorista".
"Temos uma série de nomes que estamos considerando neste momento", disse Clarke. Segundo o ministro, as medidas podem ser aplicadas "rapidamente, dentro dos próximos dias".
As identidades das pessoas cuja deportação já está sendo analisada não foram reveladas. "Mas, claro, temos os nomes que são de domínio público, pessoas que a mídia está olhando", afirmou.
Entre os citados pela imprensa está o saudita Mohammed al Massari, que divulga na internet imagens de ataques contra tropas britânicas no Iraque.
O anúncio provocou críticas de setores islâmicos e de defesa de direitos humanos, que acusaram a lista de critérios de deportação de vaga ao não fornecer uma definição de terrorismo.
O relator da ONU para a tortura, Manfred Nowak , alertou que os acusados não devem ser deportados para países onde poderiam sofrer torturas e maus-tratos.
"Certamente os direitos humanos de criminosos devem ser observados. Mas mais importante, a meu ver, são os direitos humanos das pessoas contra as quais os criminosos cometem seus atos", reagiu Clarke.

Atentados
Citando fontes policiais, o jornal londrino "Evening Standard" divulgou ontem que, momentos antes de se explodir, Hasib Hussain -identificado pela polícia como o suicida que atacou um ônibus nos atentados de 7 de julho- tentou telefonar de seu celular para seus outros três comparsas -que detonaram suas bombas em três pontos diferentes no metrô.
Também ontem o "The Guardian" afirmou que as bombas usadas nos ataques foram detonadas manualmente, e não por meio de celulares, como os investigadores acreditavam. A polícia não comentou nenhuma das duas reportagens.


Com agências internacionais

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