|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Segurança remete a Pequim e Guantánamo
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DENVER
O paredão de homens de preto do Serviço Secreto quase impedia a visão em alguns trechos, mas, entre uma metralhadora e outra, era possível se ver
ontem, em cores berrantes, as
marchas de manifestantes nas
ruas de Denver.
Sob os olhares dos quase
5.000 agentes (entre FBI, militares, cavalaria local etc.), eles
gritavam que são contra o aborto, contra a presença dos EUA
no Afeganistão, contra "o imperialismo americano", defensores da liberdade do Tibete, entre outras questões.
"O direito a expressão e assembléia é constitucional. Esse
controle de segurança sobre
nós é ridículo", afirmou à Folha Therry O'Brian, 45, militante anti-guerras.
Os policiais são orientados a
evitar a repetição do confronto
da convenção democrata de
1968, em que houve choque
com manifestantes contra a
guerra no Vietnã. Em meio a
críticas sobre o excesso de rigor, o Serviço Secreto mandou
até retirar o arame farpado das
cercas de um antigo depósito
que foi improvisado como prisão temporária para militantes
e prontamente apelidado de
"Guantánamo" -em referência
à baía cubana onde está a prisão
para suspeitos de terrorismo.
Há também piadas na imprensa local comparando o sistema ao da Olimpíada de Pequim, pelo isolamento de manifestantes onde ninguém pode vê-los, já que em Denver a
ordem é que os protestos "não
atrapalhem o trânsito".
Ontem, o sobe-e-desce das
passeatas se concentrava no
calçadão da rua 16th Street
Mall, que estava também abarrotada de banquinhas de suvenires eleitorais.
A professora Cheryl Heaton,
obamista atuante no sindicato
de sua categoria, dizia que esse
barulho todo agrada aos locais.
"Em Denver não acontece muita coisa, então é uma época
muito legal", disse, sobre sua cidade, que tem 600 mil habitantes. "Aprovo os policiais, helicópteros passando. Quem reclama disso é republicano", disse sua colega Brenda Smith.
Texto Anterior: Hillary ameaça aguar a festa de Obama Próximo Texto: Blog sobre as eleições nos EUA estréia hoje na Folha Online Índice
|